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Ação social. Câmara do Porto quer saber como cumprir obrigações

A Câmara do Porto aprovou hoje, por unanimidade, exortar o Governo a explicar como pode cumprir as obrigações legais no decorrer da descentralização na ação social, área na qual defende um reforço anual de 2,8 milhões de euros.

Ação social. Câmara do Porto quer saber como cumprir obrigações
Notícias ao Minuto

15:38 - 24/10/22 por Lusa

País Porto

A proposta, apresentada na reunião do executivo pelo movimento independente de Rui Moreira, foi votada por pontos, sendo que o primeiro, que exorta o Governo a definir e informar como é que o município pode cumprir as suas obrigações legais ao nível dos apoios sociais com 106.532 euros anuais (valor a transferir pelo Governo) e ao nível do acompanhamento de 4.184 processos familiares de Rendimento Social de Inserção (RSI) com a afetação de 10 técnicos, contou com o voto favorável de todas as forças políticas. 

De acordo com o documento, a que a Lusa teve acesso, no que ao Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS) diz respeito "não está assegurado o cumprimento do principio da neutralidade orçamental", uma vez que a verba a transferir anualmente para o município do Porto (106.532 euros) está "muito aquém" da que é investida (valor médio dos últimos três anos apurados pela Segurança Social corresponde a 758.981 euros), verificando-se um "diferencial de 652.499 euros por ano". 

Já quanto ao RSI, a proposta salienta que dos 6.224 processos familiares, 2.040 estão na gestão de entidades com protocolo RSI e que 4.184 processos são de gestão direta do Centro Distrital de Segurança Social do Porto (ISS.IP). 

"O ISS.IP, para contratualizar a gestão de 2.040 processos de RSI com entidades externas, necessita de 29 técnicos superiores e 22 ajudantes de ação direta a que corresponde um valor anual de 1.007.136 euros", observa, destacando que o valor a transferir pelo Estado para o município é "equivalente à remuneração de 10 técnicos superiores, a que corresponde um valor anual de 242.365 euros". 

"A Segurança Social está a transferir a atual incapacidade de gestão de 70% dos processos familiares de RSI para o município, inviabilizando o reforço do nível de eficácia do acompanhamento do contrato de inserção dos beneficiários de RSI", lê-se no documento, que salienta a necessidade de um reforço nesta matéria na ordem dos 1,8 milhões de euros. 

A proposta salienta ainda que em matéria de ação social "não foram considerados os custos com a estrutura interna de coordenação e supervisão técnica e administrativa", e que estima-se que tenha um "impacto negativo" de 400 mil euros por ano no orçamento municipal.

O outro ponto, que contou com voto favorável do movimento independente de Rui Moreira, do PSD, BE e CDU, e com a abstenção do PS, ???visa expressar ao Governo preocupação pela "manifesta insuficiência de recursos financeiros" e solicitar a "correção dos montantes a transferir" ou a "prorrogação do prazo de transferência" até que estejam garantidos os "recursos financeiros mínimos" em matéria do SAAS e RSI.

Sobre esta matéria, o presidente da câmara salientou a importância de o Governo explicar o que está a ser transferido para o município, que se vê "confrontado com decisões de técnicos" e que não tem conseguido chegar ao "poder político". 

"A senhora ministra [Ana Abrunhosa] não tem ouvido os municípios", referiu Rui Moreira, adiantando não ter recebido nenhuma resposta à carta enviada à ministra da Coesão Territorial no dia 07 de outubro. 

Na carta, a que a Lusa teve hoje acesso, o autarca independente elenca as informações e preocupações plasmadas na proposta, salientando ser "urgente" a tomada de uma decisão sobre a correção das verbas a transferir para o município.

Para a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, com o défice orçamental apontado "fica claro que esta é uma transferência clara de encargos com prejuízos sérios para o município e para a população". 

À semelhança da CDU, a vereadora do BE, Maria Manuel Rola, criticou os valores a transferir pelo Governo, lembrando que os mesmos "não correspondem às necessidades reais". 

Também o vereador social-democrata Alberto Machado salientou a importância de as "contas serem refeitas" e do Governo ter em atenção "o défice patente"

Por sua vez, o vereador socialista Tiago Barbosa Ribeiro destacou a necessidade de se avaliar, do ponto de vista financeiro, "o impacto e valores" apresentados nesta matéria. 

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