Numa ação de sensibilização, que se realizou hoje na zona do Roncão, no concelho de Santiago do Cacém, distrito de Setúbal, perto de vinte pessoas, entre moradores, proprietários de terrenos e autarcas, alertaram para a degradação daquelas vias, que se agravou com o início das obras.
"A nossa maior preocupação é o futuro da nossa vida no dia-a-dia, não só no decorrer desta obra, mas também depois da obra concluída, uma vez que o projeto não contempla as acessibilidades às nossas casas e as vias paralelas não estão contempladas com qualquer reparação ou alargamento", disse à agência Lusa Nelson Pereira, um dos promotores da iniciativa.
A obra, a cargo da Infraestruturas de Portugal (IP) e financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), "prevê a melhoria das condições de circulação e segurança", com a duplicação do troço do IP8 para perfil de autoestrada, com cerca de 15 quilómetros, entre o nó de Roncão e Relvas Verdes, no concelho de Santiago do Cacém.
"Não estamos preocupados com a obra, porque percebemos que tem de ser feita e é desejada por todos os habitantes, mas em causa está o que fica no pós obra para nos deslocarmos para as nossas próprias casas", explicou.
Em causa estão dezenas de pessoas que, todos os dias, utilizam estas vias e que temem "ficar mais isolados e com menos condições" devido a uma obra que "significa mais desenvolvimento" para a região.
"Ficamos com 'caminhos de cabra', não são caminhos que sirvam a mobilidade de forma correta e que permitam uma assistência em emergência da forma necessária", exemplificou o utente.
Em outubro de 2024, os moradores lançaram um abaixo-assinado a exigir melhorias nas vias rurais paralelas àquele itinerário "com a colocação de pavimento duradouro, em alcatrão ou similar" tendo recolhido mais de 600 assinaturas.
A este propósito, também o presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, pediu uma reunião "com caráter de urgência" ao secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, mas até ao momento sem resposta.
No entender do autarca, também presente na ação, "estão em causa direitos básicos" relacionados "com a acessibilidade das pessoas às suas habitações", além das questões "de segurança e de acesso ao socorro".
"Foi-me relatado um episódio de uma ambulância que teve muitas dificuldades em chegar a casa" de uma utente, lamentou.
Considerando que todo o processo tem sido tratado com "desleixo" por parte das entidades responsáveis, o autarca disse não compreender como é que, "após sucessivos alertas", a população "continua sem qualquer resposta".
No decorrer da ação, os moradores decidiram que vão "aguardar pela resposta" do Governo ao pedido de reunião e admitiram avançar com "ações mais extremadas" ou "outras formas de manifestar" as suas preocupações.
A agência Lusa pediu, por escrito, esclarecimentos à Infraestruturas de Portugal, mas até ao momento não obteve resposta.
Leia Também: Moradores e comerciantes de Loures com "coração nas mãos" sempre que chove