O historiador e jornalista José Milhazes considerou, na terça-feira, que os ataques da Rússia contra várias cidades ucranianas durante a tarde de ontem e a queda de um míssil russo na Polónia são uma "situação gravíssima", que pode ser interpretada como uma "provocação russa".
“Vamos ver como é que a NATO vai reagir, provavelmente não irá reagir a quente. A Comissão de Defesa e Segurança da Polónia está reunida de emergência e a Polónia pode invocar o Artigo N.º5 da NATO e aí a NATO vai ter de reagir”, começou por afirmar o jornalista à SIC Notícias, numa primeira reação às notícias da queda de um míssil em território polaco.
Milhazes reconheceu que o incidente “se pode ter tratado de alguma falha na pontaria”, motivo pelo qual a NATO poderá não “envergar já por uma resposta”. No entanto, “é certo que estamos numa situação gravíssima”.
“Hoje, durante o dia, a Rússia fez o maior ataque de mísseis durante toda a guerra contra a Ucrânia”, frisou. “A Rússia bombardeou várias cidades do ocidente ucraniano. Daí que [a queda de um míssil russo] se possa ter tratado de um erro por parte da Rússia e pode levar a NATO a não reagir de imediato porque reagir de imediato pode significar o início de uma guerra direta entre a NATO e Rússia, que será extremamente grave”, acrescentou.
Milhazes afirmou ainda que a “primeira posição” da Rússia seria “dizer que os mísseis não eram russos”, algo que se viria a confirmar. Em comunicado, o Ministério da Defesa russo afirmou que “nenhum ataque foi realizado contra alvos perto da fronteira entre a Polónia e a Ucrânia através de meios de destruição russos” e que os relatos da queda eram “uma provocação deliberada para escalar a situação”.
O jornalista afirmou que os mísseis podem ter “sido interceptados” pelos sistemas de defesa antiaérea da Ucrânia e que “pedaços dos mísseis podem ter caído em território polaco”. Em todo o caso, trata-se de uma “irresponsabilidade da Rússia”.
“Tendo em conta o que aconteceu no G20 e o que aconteceu durante todo o dia, isto parece ser uma provocação russa. Isso é o mais perigoso”, asseverou.
"O grau de destruição - cerca de 100 mísseis - de cidades ucranianas e o abandono da reunião do G20 por Sergey Lavrov [ministro dos Negócios Estrangeiros], isto tem um significado que pode ser interpretado como uma provocação russa: ou vamos para conversações, ou isto vai subir de patamar".
Os serviços de informação dos Estados Unidos da América (EUA) avançaram, na tarde de terça-feira, que um míssil caiu na Polónia, provocando a morte a duas pessoas. A informação viria a ser confirmada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco, que afirmou que um “projétil de fabrico russo” atingiu o território do país junto à fronteira com a Ucrânia.
Os líderes do G7 e da NATO decidiram apoiar uma investigação sobre a queda do míssil de fabrico russo.
No mesmo dia, a Rússia lançou o maior número de mísseis contra a Ucrânia desde o início da guerra, atingindo várias cidades, incluindo Kyiv, Kharkiv e Lviv. Os ataques visaram, sobretudo, infraestruturas energéticas.
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