"Estamos mais preparados e tão preparados que acho que nunca estivemos tão preparados nesse sentido, que é a preparação de: 'cada pessoa sabe o que é que tem de fazer, no momento certo, e o presidente da câmara comanda'", afirmou Carlos Moedas (PSD), em declarações à agência Lusa.
Questionado sobre o mau tempo registado na madrugada de terça-feira, o autarca de Lisboa indicou que a situação "foi pior" em comparação com a semana passada, nos dias 07 e 08 de dezembro.
"Em número de ocorrências, foi o dobro. [Na terça-feira] foram 600 e muitas ocorrências, na semana passada tinham sido 370, portanto, estamos a falar de uma magnitude, de uma coisa que durou muito mais, que teve mais impacto e que foi mais complexa", apontou.
Devido às inundações registadas na terça-feira, foram resgatadas 47 pessoas, em que nem todas são relacionadas com danos em habitações, algumas estavam em viaturas e outras sentiram-se mal, segundo o presidente da Câmara de Lisboa.
"Não há ninguém, neste momento, que não tenha teto, mas obviamente estamos a ver questão a questão, como é que as pessoas podem voltar para a sua casa, porque as pessoas não ficaram sem casa, as pessoas ficaram com as casas em muito más condições e estamos a acompanhar e ajudar", assegurou Carlos Moedas, informando que as respostas estão a ser dadas pelas juntas de freguesias e pela Câmara Municipal.
Sobre as falhas apontadas pelos vereadores da oposição, nomeadamente de PS, PCP, BE, Livre e independente eleita pela coligação PS/Livre, o presidente da Câmara de Lisboa respondeu que o que foi feito agora na preparação e resposta ao mau tempo "nunca ninguém tinha feito antes".
"A Câmara de Lisboa não tinha um centro de controlo como nós tivemos, com todos os serviços à volta da mesa. Em nenhuma das outras [intempéries], e podemos ir ver exatamente o que é que foi feito antes. Mas, antes de a oposição estar a falar sobre o que é que deveria ter sido feito, deveriam observar aquilo que nós fizemos, e aquilo que nós fizemos, e isto é a palavra tanto do comandante da nossa polícia municipal, como dos bombeiros, foi algo de único", declarou o autarca do PSD.
Carlos Moedas realçou o "comportamento irrepreensível" do vereador da Proteção Civil e Socorro, Ângelo Pereira (PSD), que conseguiu criar uma sala de controlo, em que, além dos bombeiros e da polícia municipal, "tinha todas as pessoas de todos os serviços da câmara", inclusive dos serviços de protocolo e de comunicação.
"Tinha vários serviços para que as respostas fossem dadas em conjunto, e isso foi algo que nunca no passado foi feito na Câmara de Lisboa. Portanto, só nisso, demos um salto enorme em termos de preparação e um salto enorme em termos de organização", defendeu o presidente do município.
O autarca insistiu que a organização que houve "não tem comparação" com a intervenção de anteriores executivos, sem querer criticar o que aconteceu no passado, porque foi num outro momento, com um outro contexto.
"Neste momento, nós conseguimos criar um centro de controlo, que é um centro de controlo para crises, em que todos os serviços da câmara se reúnem imediatamente. Nós tínhamos reuniões muito frequentemente, às vezes de hora a hora, para toda a gente saber o que tinha que fazer e nestes momentos isso é o mais importante, e isso foi um passo enorme", reforçou.
A chuva intensa e persistente que caiu na terça-feira causou mais de 3.000 ocorrências, entre alagamentos, inundações, quedas de árvores e cortes de estradas, afetando sobretudo os distritos de Lisboa, Setúbal, Portalegre e Santarém.
No total, há registo de 83 desalojados, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), e o mau tempo levou também ao corte e condicionamento de estradas e linhas ferroviárias, que têm vindo a ser restabelecidas.
Na zona de Lisboa a intempérie causou condicionamentos de trânsito nos acessos à cidade, situação que está regularizada na maior parte dos casos. Em Campo Maior, no distrito de Portalegre, a zona baixa da vila ficou alagada e várias casas foram inundadas, algumas com água até ao teto, segundo a Câmara Municipal.
Segundo a ANEPC, estão "cinco planos municipais de emergência ativos", quatro no distrito de Portalegre e um em Santarém, mantendo-se em estado de alerta amarelo os planos especiais de emergência para as bacias dos rios Tejo e Douro devido ao risco de cheias.
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