Em declarações aos jornalistas, na embaixada de Portugal em Brasília, na véspera da posse de Lula da Silva como Presidente do Brasil, João Gomes Cravinho referiu que já se reuniu com o futuro ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, "que é aliás um amigo de longa data".
Gomes Cravinho adiantou que deverá voltar ao Brasil no fim de fevereiro e destacou a cimeira bilateral que os dois governos estão a preparar para abril.
Segundo o ministro, há hoje "condições completamente diferentes em termos da presença do Brasil no mundo" e, no plano multilateral, "estão criadas boas condições" para com o Governo de Lula se concluir o acordo União Europeia/Mercosul .
"No que toca ao relacionamento bilateral, é um relacionamento que tem 200 anos, um relacionamento único, e nunca perdemos o contacto com o Brasil. Contudo, temos de registar que desde 2016 não houve uma cimeira bilateral e as cimeiras normalmente são anuais. Portanto, isso também mostra alguma dificuldade que houve na interlocução", disse.
O ministro dos Negócios Estrangeiros apontou a retoma das cimeiras entre governos já "no primeiro semestre deste mandato do Presidente Lula" como "um sinal muito importante".
"E nós olhamos para essas cimeiras como um momento não só do relacionamento bilateral, mas também para calibrar as nossas atuações dentro das regiões, da União Europeia, do CELAC [Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos] na América Latina", salientou.
Interrogado se espera mudanças no relacionamento do Brasil com a União Europeia, Gomes Cravinho realçou que "desde logo o Presidente Lula já sublinhou o seu elevado interesse em fechar finalmente o acordo União Europeia/Mercosul", que qualificou como "absolutamente fundamental para projetar o relacionamento para um outro plano".
"Um dos obstáculos residia precisamente na abordagem que a administração Bolsonaro tinha em relação à Amazónia, e o Presidente Lula já deu sinais muito claros de ter uma abordagem radicalmente diferente. E, portanto, estão criadas boas condições, creio, para um aprofundamento do diálogo com vista a fazermos finalmente o acordo União Europeia/Mercosul que há 20 anos que está a ser trabalhado", considerou.
Por outro lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros observou que "a relação entre o Brasil e a União Europeia tem o título de parceria estratégica", mas nos últimos anos "essa relação tem tido muito pouco de estratégico".
"Acreditamos que agora com o Presidente Lula seja possível voltar de facto a essa ambição de ter uma parceria estratégica", afirmou.
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