O encontro com Iryna Verenshchuc realizou-se no sábado, na véspera da posse de Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente do Brasil, numa altura em que se concentram em Brasília dezenas de responsáveis políticos estrangeiros, e durou cerca de uma hora.
No fim, o chefe de Estado prestou declarações aos jornalistas, acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e pelo embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, e relativizou a importância das posições anteriormente assumidas no Brasil em relação à invasão russa da Ucrânia.
"Eu não ficava preso àquilo que foram as posições há dois meses, há três meses, há quatro meses. Não, o que é que se pode fazer em conjunto a pensar no futuro", sugeriu.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que o importante agora "não é propriamente a conversa sobre o passado", mas sim o "processo de encarar o futuro e de preparar o futuro".
"Como é que vão ser as relações económicas e sociais entre o resto do mundo e a Europa e concretamente a Ucrânia, como é que vão ser as relações políticas e diplomáticas, como é que se prepara aquilo que todos nós queremos: é que haja uma solução que respeite os princípios do direito internacional, mas que garanta a paz e a segurança o mais sustentadamente possível no futuro", acrescentou.
Segundo o Presidente da República, "aí a proximidade das posições já é diferente" e Lula da Silva "foi sempre muito cuidadoso ao mostrar abertura e flexibilidade de diálogo, de conversa para preparar esse futuro".
"E o Brasil tem uma posição importante na preparação desse futuro. Como tem noutros continentes, só para falar de um país de expressão oficial portuguesa, Angola. E o estarmos aqui todos e falarmos sobre uma realidade que é comum e que nos preocupa a todos abre caminhos, vai abrindo caminhos", considerou.
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, na reunião com a vice-primeira-ministra ucraniana houve "a continuação de conversas que foram mantidas com a primeira-dama Olena Zelenska a propósito do apoio social à reconstrução da Ucrânia".
"Portugal está na primeira linha, já com um compromisso firme em relação ao parque escolar na Ucrânia, mas houve outras hipóteses que foram estudadas em Lisboa, e voltámos a falar disso", acrescentou.
O chefe de Estado salientou as diferentes perspetivas em relação à guerra na Ucrânia e apontou a posse de Lula em Brasília como "um momento bom para essas trocas de impressões" porque "à volta da cerimónia da posse há uma série de reuniões bilaterais".
Em 03 de outubro, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu em audiência no Palácio de Belém, em Lisboa, Olena Zelenska, mulher do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Em 20 de dezembro, quando visitou os militares portugueses em missão da NATO na base militar de Caracal, na Roménia, Marcelo Rebelo de Sousa declarou que iria à Ucrânia "certamente no próximo ano" em data a ajustar "com o Presidente Zelensky e as autoridades ucranianas".
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