De acordo com António Borga, António Cartaxo morreu "esta noite em casa".
António Cartaxo, que nasceu na Amadora em 1934, dedicou grande parte da vida profissional a divulgar música clássica, sobretudo através da rádio e em diferentes géneros.
"A rádio para mim foi sempre um meio apaixonante. [...] Há outro tipo de rádio que não diz absolutamente nada. Eu gosto da forma como faço os meus programas, contando as minhas histórias de música e procurando tirar o máximo partido do som que a rádio possibilita", recordava António Cartaxo em entrevista à agência Lusa em 2010, quando publicou o livro "Quase verdade como são memórias".
António Cartaxo estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e ingressou em 1963 no serviço português da BBC, em Londres, onde permaneceu durante 15 anos.
À Lusa, contou que esse período foi "marcante e decisivo" não só pelo que aprendeu em termos profissionais como "pela possibilidade de através das reportagens pôr a nu o que era o regime português", antes da revolução de 25 de Abril de 1974.
É nessa época também que grava em Londres, com António Borga, o disco "País de Cravos, País de Cardos".
Na página oficial, a rádio Antena 2 lembra que, depois de abril de 1974, António Cartaxo e Jorge Ribeiro (radialista com quem trabalhou) "são acusados de apresentarem uma visão de esquerda e são alvo de sanções, que culminam em tribunal e despedimento da BBC".
Em 1976, ingressou na rádio pública portuguesa, onde trabalhou durante 40 anos, assinando programas como "Em Sintonia", "De olhos bem abertos" e "Histórias da música... e outras".
Desse início do percurso na RDP é de destacar ainda o programa "Você gosta de Beethoven?", em 1976, assinado com Jorge Ribeiro, em que eram entrevistados trabalhadores da empresa metalúrgica Sorefame sobre a música de Beethoven.
O programa valeu-lhes um prémio no concurso pró-música de rádio na Hungria, juntando-se a outras distinções ao longo da carreira, nomeadamente o "special award" da BBC, o prémio Gazeta de Jornalismo em 1978 e o Prémio Igrejas Caeiro de Rádio em 2016.
Em 2012, venceu o Prémio António Alçada Baptista pelo livro "Quase verdade como são memórias".
Na mesma entrevista à Lusa a propósito deste livro, António Cartaxo dizia que não se imaginava viver sem rádio, apesar de ter sido leitor de português na Universidade de Varsóvia e professor durante 20 anos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Além de "Quase verdade como são memórias", António Cartaxo publicou outros livros, entre os quais "O sabor da música" (1996) e "Efemérides românticas" (2010).
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