Além de papagaios-do-mar têm dado à costa "muitos cetáceos e tartarugas"
Mau tempo e falta de alimento apontados como as principais causas.
© Instagram / Mestres do Oceano
País Animais
Centenas de papagaios-do-mar têm aparecido mortos ou feridos, nos últimos dias, na costa portuguesa, principalmente, entre os concelhos da Lourinhã e de Peniche. Mas não são só estes animais que estão a arrojar nas praias lusitanas.
Ao Notícias ao Minuto, Afonso Castanheira, da associação Mestres do Oceano, revelou que têm encontrado também outras aves marinhas, assim como "muitos cetáceos e algumas tartarugas".
Na passada sexta-feira, por exemplo, com a equipa dos Vigilantes da Natureza das Berlengas, encontraram "um boto [golfinho] muito novinho". "Uma morte muito recente e triste" de uma espécie que está "em perigo", partilhou Afonso no Instagram da associação, acrescentando que a semana passada foi "de pesadelo".
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A contagem de papagaios-do-mar encontrados nos últimos dias nas praias portuguesas ainda está a ser feita. Agora que o tempo melhorou, a esperança é que o número de arrojamentos diminua. Contudo, de acordo com Afonso, "já passamos as centenas". "Mais de 300 mortes e uma pequena centena de vivos e, infelizmente, muitos dos vivos estão a morrer. Está a ser complicado salvar os papagaios-do-mar que estão a ser recolhidos vivos nas praias", revelou o ativista ao Notícias ao Minuto.
Os papagaios-do-mar encontrados vivos na zona de Peniche são entregues ao CRAM - Centro de Reabilitação de Animais Marinhos, localizado na Gafanha da Nazaré que, pelo menos até este domingo, continuava a ver chegar às suas instalações aves desta espécie.
No Instagram, o centro revelou que tem "todos os elementos" da equipa mobilizados para dar resposta a "este evento massivo" e pede a quem encontrar um animal marinho arrojado para entrar em contacto com o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
Tempestades e falta de alimento
Ao Notícias ao Minuto, Afonso da Mestres do Oceano revela que os arrojamentos dos papagaios-do-mar devem-se, ao que tudo indica, aos fortes temporais que se fizeram sentir na semana passada, que impedem estas aves de se alimentar normalmente.
"As tempestades estão a aumentar, estavam mais no sul do Atlântico mas estão a subir bastante. As águas estão a ficar mais quentes. Nesta altura do ano os papagaios-do-mar passam pela nossa costa para ir para o Norte da Europa para acasalar na primavera. [Com as tempestades] não é fácil apanhar o tipo de peixe que os alimenta. Daí, os animais que resgatamos vivos estarem muito desnutridos. Além disso, a maior parte são juvenis, que estão a fazer esta viagem pela primeira vez e não têm experiência", explicou.
Apesar do número "estranho" de papagaios-do-mar encontrados arrojados na costa portuguesa, para já, segundo Afonso, está descartado qualquer outro motivo, como por exemplo, a gripe das aves. No entanto, o caso está já a ser analisado.
Além do arrojamento de animais marinhos, o ativista revela que, com os ventos fortes e a agitação marítima que se fez sentir um pouco por todo o país, na semana passada, "há muito lixo" nos areais. "Lixo por todo o lado", sublinhou Afonso, que dá palestras sobre lixo marinho e pesca sustentável em escolas.
Recorde-se que, de com o 'Atlas das Aves Marinhas de Portugal', o papagaio-do-mar é uma espécie exclusiva do Atlântico Norte e pode aparecer, acidentalmente, nos Açores e na Madeira, ao atravessar, enquanto migrante, a costa portuguesa nos meses de inverno.
A espécie está em "declínio moderado" pela redução da natalidade, devido às alterações climáticas, capturas acidentais em redes de pesca e contaminação por hidrocarbonetos.
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