Classificar forças de repressão como terroristas "não tem utilidade"
O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português considerou hoje que a classificação do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, no Irão, como organização terrorista não tem utilidade diplomática neste momento e que nenhum país da União Europeia (UE) o sugeriu.
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País Irão
"Penso que politicamente e em diplomacia temos de ser pragmáticos (...), a classificação do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica como entidade terrorista, neste momento, não será de grande utilidade", afirmou João Gomes Cravinho, em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com os seus homólogos do bloco europeu, que decorreu em Bruxelas.
A questão pode ser colocada no futuro, mas, para já, nenhum Estado-membro manifestou "esse ponto de vista", indicou o chefe da diplomacia portuguesa.
Hoje de manhã, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou que a UE não podia decidir "nesta fase" sobre tal matéria, remetendo uma eventual classificação para uma "decisão judicial".
Teerão emitiu várias advertências aos europeus desde que o Parlamento Europeu (PE) aprovou, quinta-feira passada, uma resolução a pedir à UE que inclua a Guarda Revolucionária na lista de "organizações terroristas" elaborada por Bruxelas.
A UE aprovou hoje mais um pacote de sanções contra 18 indivíduos e 19 organizações iranianas, por violações dos direitos humanos, "em linha com o generalizado e despropositado uso de força contra manifestações não violentas depois da morte de Mahsa Amini", segundo informação divulgada.
Entre os sancionados estão representantes do Governo e do parlamento iraniano, figuras políticas e dos 'media' do país, assim como altos quadros das forças de segurança do Irão, incluindo do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica.
Em causa está a repressão das autoridades iranianas das manifestações que agitam o país desde a morte da jovem Mahsa Amini, quando estava sob custódia policial, em setembro passado.
Os protestos pela morte da jovem curda iraniana rapidamente assumiram um caráter de luta pelos direitos das mulheres e contra o sistema de repressão em que Teerão assenta o regime.
Os protestos massivos em todo o país foram brutalmente reprimidos pelas autoridades, que nas últimas semanas estão a levar a cabo execuções sumárias.
A forte repressão policial já provocou cerca de 500 mortos e perto de 20.000 detenções, segundo dados de organizações não-governamentais (ONG) sediadas fora do Irão.
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