Marcelo Rebelo de Sousa afirmou na tarde deste sábado aos jornalistas que “vale a pena olhar" para o relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) que dá conta de irregularidades no pagamento da indemnização a Alexandra Reis e "ver o que não foi bem explicado”.
A confirmarem-se estas irregularidades, o Chefe de Estado não descarta que existam mais consequências políticas nesta polémica - da qual já resultou a demissão do ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
“Se [o relatório] foi pedido pelo senhor ministro das Finanças, poderá ponderar exatamente as consequências do relatório. Vamos esperar para ver”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, depois de ter sido noticiado, na sexta-feira, que a Inspeção Geral das Finanças encontrou “irregularidades” na indemnização de 500 mil euros.
Marcelo afirmou ainda que tem “dificuldade em perceber os contornos” da indemnização paga a Alexandra Reis, "porque era uma situação de saída pelo seu próprio pé" da TAP.
Recorde-se que o processo que levou à saída da ex-gestora Alexandra Reis da TAP, com direito a uma indemnização no valor de 500 mil euros, apresentou fortes irregularidades, segundo o projeto de parecer da Inspeção-Geral das Finanças (IGF) a que a SIC Notícias teve acesso.
Tanto a administração da TAP, como a também ex-secretária de Estado do Tesouro foram já notificadas pela IGF para fazer o contraditório.
Em fevereiro passado, a companhia aérea enviou um comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a dar conta de que Alexandra Reis tinha renunciado ao cargo na administração.
Já no mês de dezembro, o Correio da Manhã noticiou que a secretária de Estado recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros da TAP por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea portuguesa, quando ainda tinha de cumprir funções durante dois anos.
Recorde-se que esta polémica indemnização levou à saída de Alexandra Reis do Governo de António Costa. Isto depois de o ministro das Finanças, Fernando Medina, ter pedido a sua demissão, a qual foi "prontamente aceite" pela própria. A governante não chegou a estar mais de um mês no cargo.
O então ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, viria depois a "assumir a responsabilidade política" por este caso, apresentando a sua demissão, que foi imediatamente aceite por António Costa. Hugo Santos Mendes, secretário de Estado das Infraestruturas, também se demitiu.
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