Os chefes de equipa do Serviço de Urgência do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, apresentaram, esta quarta-feira, a demissão em bloco, segundo avançou inicialmente a CNN Portugal.
Na referida nota, os responsáveis demissionários alegam que a decisão foi tomada por estar em causa a "missão e a qualidade assistencial, bem como a segurança dos doentes e profissionais".
Segundo reporta, também, a agência Lusa, a carta foi assinada por 11 chefes de equipa, onde se alerta que o hospital vive, atualmente, "os piores momentos da sua história", ao não conseguir garantir "a prestação de cuidados de excelência ao doente". Entre os principais problemas apontados pela nota destaca-se a "escassez de recursos humanos".
"Os médicos desta casa (os que vão ficando) têm feito diversos apelos às suas chefias denunciando a situação grave, perigosa e desumana que vivemos hoje em dia", lê-se ainda na carta assinada pelos diretores, datada de 26 de fevereiro.
Isto porque, ao longo dos "últimos meses", elabora ainda a carta de demissão, tem-se registado uma "saída recorrente de especialistas do Serviço de Medicina Interna do Internamento e da Equipa Dedicada do Serviço de Urgência Geral". Porém, o fluxo de doentes a dirigirem-se à unidade hospitalar não tem diminuído, complicando a prestação de cuidados, alertam.
O Notícias ao Minuto tentou contactar o Hospital Beatriz Ângelo para obter mais informações sobre o tema, mas tal ainda não foi possível até ao momento.
Aguarda-se, ainda, uma reação do Ministério da Saúde a esta notícia, que também já foi requerida pelo Notícias ao Minuto. Já depois disso, em declarações aos jornalistas à margem de uma iniciativa em Faro, Manuel Pizarro revelou ainda não ter tido conhecimento de tal pedido de demissão, embora tenha prometido dialogar com os elementos demissionários para entender os motivos da decisão.
Na sequência deste anúncio, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, anunciou que vai realizar, ainda esta manhã, uma visita ao Hospital Beatriz Ângelo, sendo de esperar, nesse momento, reações à comunicação social.
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, já reagiu à notícia. "Soubemos hoje que 11 chefes de equipa da Urgência apresentaram a sua demissão e perante isto é essencial que o senhor ministro crie condições para que os médicos fiquem no SNS, em vez de andar a fazer declarações políticas de amor ao SNS", criticou, em declarações à Lusa.
A decisão surge depois de, na terça-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, ter confirmado que a urgência pediátrica do hospital vai estar encerrada à noite a partir desta quarta-feira, entre as 21h e as 9h.
A confirmação foi dada, na manhã de terça-feira, em declarações aos jornalistas. "É verdade que, no caso do Hospital de Loures, o encerramento de uma parte dos serviços vai ocorrer mais cedo, simplesmente porque não há disponibilidade de profissionais", destacou.
Nesse momento, Manuel Pizarro lembrou que será apresentado, na próxima semana, um plano que prevê a reorganização dos serviços de urgência de pediatria na Área Metropolitana de Lisboa (AML).
Recorde-se que, na sequência desse anúncio, o presidente da Câmara Municipal de Loures, o socialista Ricardo Leão, pediu uma reunião urgente a Manuel Pizzaro, por discordar do fecho "definitivo" desta urgência, segundo noticiou ontem a agência Lusa.
Estas notícias surgem no contexto de vários meses de complicações nos serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) - que conduziram, inclusive, a antecessora do atual ministro, Marta Temido, a apresentar a demissão.
[Notícia atualizada às 12h18]
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