"Apesar de nenhum daqueles nomes exercer atualmente qualquer ofício eclesiástico na diocese (um deles é mesmo desconhecido), a Diocese do Funchal não deixará de tomar a sério esta indicação e de procurar eventuais procedimentos canónicos e civis se aplicáveis no respetivo caso concreto", lê-se na nota.
Na Madeira, foram reportados 14 casos de abuso, no âmbito do trabalho da Comissão Independente.
A diocese liderada por Nuno Brás afirma que subscreve "todo o comunicado da CEP [Conferência Episcopal Portuguesa]", que hoje se reuniu em Assembleia Plenária extraordinária, em Fátima, para analisar o relatório da Comissão Independente para o estudo dos Abusos Sexuais de Menores na Igreja Católica em Portugal, apresentado no dia 13 de fevereiro.
"A Diocese do Funchal pede perdão se em algum caso não foi capaz de proteger as vítimas e ao mesmo tempo reitera o seu empenho para que qualquer futura denúncia venha a conhecer o respetivo procedimento canónico e civil expressamente consignado para a proteção das vítimas", refere o comunicado.
A diocese madeirense salienta que "a Comissão Diocesana de Proteção das Crianças, Jovens e Adultos Vulneráveis da Diocese do Funchal continuará a exercer o seu trabalho de prevenção, de acolhimento e de acompanhamento, bem como de colaboração com os organismos eclesiais e civis".
A Comissão Independente validou 512 dos 564 testemunhos recebidos -- entre janeiro e outubro de 2022 -, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815. Vinte e cinco casos foram reportados ao Ministério Público, que deram origem à abertura de 15 inquéritos, dos quais nove foram já arquivados, permanecendo seis em investigação.
Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos no período compreendido entre 1950 e 2022, o espaço temporal que abrangeu o trabalho da comissão.
O sumário do relatório, contudo, revela que "os dados apurados nos arquivos eclesiásticos relativamente à incidência dos abusos sexuais devem ser entendidos como a 'ponta do iceberg'".
Hoje de manhã, a comissão entregou à Conferência Episcopal Portuguesa, presidida por José Ornelas, a lista dos alegados abusadores.
O responsável afirmou, depois, que o afastamento de alegados padres abusadores de menores está nas mãos de cada bispo.
José Ornelas, também bispo da diocese de Leiria-Fátima, explicou que a Comissão entregou as listas de supostos abusadores, "em envelope sigilado", a cada diocese, ressalvando que o que foi entregue "é uma lista de nomes".
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