Após o Governo ter tido acesso às conclusões do relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) ao 'caso' da indemnização de Alexandra Reis - aquando da sua saída da TAP - Fernando Medina, o ministro das Finanças, e João Galamba, o responsável pelas Infraestruturas, fizeram, esta segunda-feira, uma conferência de imprensa para revelarem as 'consequências' do documento.
Os governantes anunciaram a exoneração por "justa causa" do presidente do Conselho de Administração e da presidente executiva da TAP, com os nomes de Manuel Beja e Christine Ourmières-Widener a juntarem-se à lista de 'demitidos' no âmbito deste caso.
Enquanto Medina assegurou que "não haverá lugar a pagamento de indemnizações" aos administradores de saída, Galamba disse que não irá sair toda a Comissão Executiva da TAP atualmente em funções.
De lembrar que a indemnização de 500 mil euros que Alexandra Reis recebeu ao sair da TAP foi o 'ponto de partida' para um turbilhão que já levou à saída também do ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, do secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, e da própria Alexandra Reis, que, entretanto, tinha tomado posse como secretária de Estado do Tesouro.
Com a demissão de Pedro Nuno Santos, 'caiu' todo o ministério das Infraestruturas tendo, posteriormente, a então secretária de Estado da Habitação, Marina Gonçalves, sido 'reintegrada' no Governo, subindo a ministra com a mesma pasta. Não entra, assim, nestas 'contas'.
Quem é que Alexandra Reis já 'demitiu'? Que timings?
Em dezembro passado, Alexandra Reis tomou posse como secretária de Estado do Tesouro, tendo então 'estalado' a polémica sobre a indemnização que recebeu quando saiu da companhia aérea detida pelo Estado. Alexandra Reis tinha ingressado na TAP em setembro de 2017 e, três anos depois, foi nomeada administradora da companhia aérea, por indicação do acionista privado.
A antiga secretária de Estado tinha deixado a administração da TAP em fevereiro e, em junho, foi nomeada pelo Governo para a presidência da NAV Portugal - Navegação Aérea.
Em fevereiro, a companhia aérea enviou um comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a dar conta de que Alexandra Reis tinha renunciado ao cargo na administração.
Em 27 de dezembro último, Alexandra Reis apresentou o pedido de demissão das funções de secretária de Estado do Tesouro, solicitado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, depois dos esclarecimentos à TAP e de o próprio primeiro-ministro, António Costa, ter admitido que desconhecia os antecedentes de Alexandra Reis.
Já na madrugada de 29 de dezembro, demitiram-se o então ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, e o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes.
A estes nomes, acrescentaram-se, ontem, Manuel Beja e Christine Ourmières-Widener, subindo para cinco (incluindo a própria Alexandra Reis) o número de governantes e administradores que já saíram no âmbito do caso.
Alexandra Reis terá de devolver 450.110 euros
Alexandra Reis vai ter de devolver um total de 450.110,26 euros da compensação que lhe foi paga pela TAP, segundo o relatório da auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF), esta segunda-feira divulgado.
Para a IGF, independentemente de Alexandra Reis ter saído por "renúncia ou demissão por mera conveniência", esta "terá de devolver à TAP os valores que recebeu na sequência da cessação de funções enquanto Administradora, os quais ascendem a 443.500 euros, a que acrescem, pelo menos, 6.610,26 euros, correspondentes a benefícios em espécie".
A antiga administradora da TAP reagiu ainda ontem às conclusões e consequências do relatório da IGF, assegurando que devolverá "por vontade própria o que indica a IGF", não concordando, no entanto, com o relatório apresentado.
Também depois de o relatório da IGF ser conhecido, a CEO demitida da TAP, Christine Ourmières-Widener, reagiu aos resultados, revelando estar perplexa por ter sido "a única pessoa diretamente envolvida [na auditoria] que não foi ouvida pessoalmente perante a IGF" e que vai tirar "em devido tempo, todas as consequências legais" daquele que considera ter sido um "comportamento discriminatório" por parte da IGF.
Leia aqui na íntegra o relatório da IGF.
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