A Diocese da Guarda anunciou, esta sexta-feira, o afastamento cautelar de um padre suspeito de abusos sexuais.
A agência de notícias católica Ecclesia, citando a Diocese, revela que o padre foi "identificado pela Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, dando início a uma investigação".
Este mesmo padre, pode-se ler na mesma missiva, tinha já sido denunciado, anonimamente, "facto que foi comunicado ao Ministério Público pelo bispo da Guarda, D. Manuel Felício".
“Por razões cautelares, enquanto se desenrola o processo de investigação prévia, o sacerdote em causa fica temporariamente afastado das suas atividades pastorais, sem que isto possa ser entendido como uma assunção de culpa ou prejudique, de alguma forma, o direito à presunção de inocência”, refere uma nota da diocese, citada pela Ecclesia.
Para além do padre agora afastado, um outro foi também sinalizado pelo relatório em questão. O mesmo morreu, no entanto, em 1980, sendo assim “de todo impossível fazer ainda mais sérias e justas diligências de investigação”.
“Os novos dados que hoje [9 de março] nos chegaram permitem-nos ter os elementos necessários para fazer o processo canónico de investigação prévia, que enviaremos ao Dicastério da Doutrina da Fé e comunicaremos esta mesma informação complementar ao Ministério Público, sempre sob segredo de justiça”, lê-se na nota da diocese.
A Diocese da Guarda segue assim medidas já tomadas pelas estruturas homólogas de Évora e Angra, que também suspenderam padres suspeitos de abusos sexuais.
As medidas surgem após a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica ter enviado listas aos responsáveis católicos de Portugal, no último dia 3 de março, com “nomes de alegados abusadores, referidos nos testemunhos recolhidos” no âmbito da investigação.
Foram validados 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.
Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.
No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais "devem ser entendidos como a 'ponta do iceberg'" deste fenómeno.
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