O alegado crime ocorreu em 04 de outubro de 2019, sendo o jovem, serralheiro natural de Coimbra, acusado de um crime de homicídio qualificado, um crime de condução perigosa e um crime de sequestro.
O início do julgamento está marcado para terça-feira, às 09:15, no Tribunal de Coimbra.
Segundo a acusação a que a agência Lusa teve acesso, por volta das 02:00, o jovem ter-se-á deslocado no seu carro, um Honda Civic preto, até à Rua Pedro Olaio, junto à Loja do Cidadão, onde se encontrou com uma amiga.
Uma hora depois, chegou ao local uma equipa da PSP, altura em que o arguido terá consumido uma pedra de cocaína dentro do carro.
Quando os elementos policiais "já se preparavam para abandonar o local, o arguido trancou as portas do carro e ligou o mesmo", com a sua amiga a perguntar-lhe o que estaria a fazer.
"Não te preocupes que eu tenho mãos para isto, e não vou pôr em risco a tua vida nem a minha, até porque vou ser pai", respondeu-lhe.
De acordo com a acusação, o arguido engrenou a primeira mudança e arrancou imediatamente com o Honda Civic, contra a vontade da sua amiga, que lhe pedia para sair da viatura.
Os agentes da PSP correram em direção ao carro, com ordem de paragem, mas o arguido terá ignorado e acabou por iniciar uma fuga em direção à avenida Fernão de Magalhães.
Outros dois agentes encetaram uma perseguição automóvel ao arguido, que conduzia já em direção à Casa do Sal, sempre em grande velocidade e ignorando os gritos "em pânico" da sua amiga, que continuava a pedir-lhe para a deixar sair do carro.
"Fica descansada, que eles já não nos apanham", respondeu.
Logo após a rotunda de cruzamento da avenida Fernão de Magalhães com a rua Padre Estêvão Cabral, estava a passar a pé um homem, que atravessava a via de um lado para o outro.
A amiga, avistando o peão, terá gritado ao arguido para parar, mas este "não o fez", relata o Ministério Público (MP).
Ao sair da rotunda, o jovem embateu com a parte dianteira direita do carro contra o peão, que foi projetado para a frente e que morreu no local, com várias lesões traumáticas, nomeadamente na cabeça e tronco.
Segundo o MP, após o embate, o arguido prosseguiu a marcha e ignorou os pedidos da amiga para parar, que queria ajudar a socorrer a vítima.
"Não te preocupes que não nos vai acontecer nada", terá respondido o jovem, que seguiu até à estação de Coimbra-B, com intenção de deixar o carro naquela zona e dá-lo como roubado.
O arguido decidiu depois prosseguir a fuga e acabou intercetado por agentes da PSP junto à estrada de acesso ao Loreto, quando estes o ordenaram, através de altifalante, para desligar o carro e imobilizá-lo junto à berma.
O jovem acabou por acatar as ordens, mas apenas por alguns segundos, encetando novamente a fuga.
Junto ao campo de futebol da Adémia, o arguido voltou a fazer o mesmo, quando outro agente lhe pediu para parar a viatura.
Depois de deixar a sua amiga em casa, acabou intercetado pela PSP por volta das 04:00, à saída da sua residência.
Na acusação, é referido que foi detetada a presença de cocaína no sangue, bem como uma taxa de alcoolemia de 1,64 gramas por litro.
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