Rui Nabeiro. "Um homem bom" que deve ser "um exemplo para todos"

O empresário, presidente e fundador do Grupo Nabeiro - Delta Cafés morreu no domingo, vítima de doença, aos 91 anos. As cerimónias fúnebres começam esta segunda-feira.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Daniela Carrilho com Lusa
20/03/2023 09:34 ‧ 20/03/2023 por Daniela Carrilho com Lusa

País

Rui Nabeiro

Era o 'senhor' da indústria de café portuguesa. "Um grande homem", "um homem bom" e um dos "maiores empresários portugueses", como era amplamente definido. Morreu no domingo, aos 91 anos, vítima de doença no Hospital da Luz, em Lisboa, onde se encontrava internado devido a problemas respiratórios.

As cerimónias fúnebres começam esta segunda-feira. Vai ser realizado um cortejo, de acordo com um comunicado do Grupo Nabeiro, que terá início na empresa Novadelta e passará depois pelas instalações da Tecnidelta, sede da Delta e pela torrefação Camelo, terminando na Igreja Matriz de Campo Maior, no distrito de Portalegre, a partir das 12h00.

A missa de corpo presente será realizada terça-feira, pelas 12h00, seguindo-se o cortejo fúnebre, em direção ao Cemitério Municipal da vila.

Rui Nabeiro deixa um legado incontornável, sendo recordado por várias personalidades portuguesas, que fizeram questão de o destacar como "inspirador", "exemplar" e "humilde", um "homem bom", ligado à terra e às origens, que criou um império do café, levando a vila de Campo Maior para o mundo.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou Rui Nabeiro "um precursor" que "construiu uma marca global, como há poucas no nosso país", salientando a "preocupação social e participação cívica" do empresário [que] "devem ser um exemplo e uma inspiração para todos".

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, recordou Rui Nabeiro como "um dos maiores e melhores empresários portugueses" e "muito atento aos direitos dos seus trabalhadores", um dos traços mais conhecidos do líder da Delta e que mais consenso lhe granjeou.

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, descreveu-o como "um exemplo para todos nós".

O homem de causas que era Rui Nabeiro deixou também o Alto Alentejo de luto. Pôs Campo Maior 'no mapa', e a vila portuguesa fica sem um dos seus maiores cidadãos - "o autarca, o empresário de eleição, o benemérito das causas sociais, a referência da terra onde nasceu e cresceu e que com ele se fez Maior".

Quem era Rui Nabeiro?

Manuel Rui Azinhais Nabeiro, nasceu em Campo Maior, vila do interior do país, no distrito de Portalegre, junto à raia com Espanha, a 28 de março de 1931.

Oriundo de uma família humilde, desde cedo aprendeu a lidar com a adversidade. Com 12 anos, começou a trabalhar com o pai e os tios na torra do café e, com a perda do seu maior exemplo, assume  os destinos da pequena sociedade familiar - Torrefacção Camelo, Lda - com apenas 17 anos.

E é dentro de um pequeno armazém de 50 metros quadrados, na vila de Campo Maior, em 1961, que Rui Nabeiro começa o seu negócio com a torra de 30 quilos de café por dia, criando a Delta Cafés - empresa que hoje lidera o mercado dos cafés em Portugal e que assumiu sempre uma intervenção ativa na sociedade, apoiando diversas instituições sociais.

Além de comendador, empreendedor, ex-autarca, Nabeiro tinha também um dos seus mais importantes papéis no seio da família - era pai de dois filhos e avô de quatro netos.

Leia Também: Nabeiro. Beja vai decretar dia de luto municipal para terça-feira

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