Estas posições foram transmitidas por António Costa e por Katrin Jakobsdotti em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião entre ambos e que estava integrada no programa da visita oficial que o primeiro-ministro português efetua à Islândia.
António Costa começou por registar que é o primeiro líder de Governo português a fazer uma visita oficial à Islândia e considerou que a sua deslocação "é uma oportunidade importante para aprofundar as relações bilaterais".
"Portugal e a Islândia partilham valores comuns e pontos de vista comuns em relação aos principais desafios e mudanças no mundo, especialmente as alterações climáticas e a proteção dos oceanos", declarou, antes de se referir à questão da energia - um tema que é considerado central nesta visita do primeiro-ministro português.
"Penso que temos oportunidades no sentido de desenvolvermos as nossas relações ao nível das energias renováveis. Pela nossa parte, esperamos aprender com a experiência da Islândia ao nível do setor geotérmico, designadamente no que respeita à captura de carbono para fins industriais. Podemos também avançar no cluster dos oceanos", especificou António Costa.
Antes, a líder do Governo islandês também tinha identificado "uma série de domínios em que Portugal e Islândia podem colaborar de forma mais profunda, como nos assuntos dos oceanos e nas questões de energia".
Katrin Jakobsdotti referiu então o domínio da energia eólica, uma área em que as empresas nacionais estão interessadas em entrar no mercado islandês.
Mas a primeira-ministra islandesa preferiu falar de Portugal de um ponto de vista pessoal e emocional, dizendo que gosta muito do país.
"Estou muito entusiasmada por Lisboa. Na Páscoa tirei umas férias e estive lá outra vez. Verifiquei que os dois países têm muito em comum", acentuou.
Katrin Jakobsdotti apontou ainda que o primeiro-ministro, António Costa, será um dos chefes de Governo e de Estado presentes na cimeira do Conselho da Europa, na terça e quarta-feira em Reiquiavique.
"Acredito que será uma cimeira histórica. Estamos a viver tempos conturbados na Europa, especialmente no leste. Estamos ao lado da Ucrânia e vamos condenar a brutal agressão russa", acrescentou.
Perante os jornalistas, a primeira-ministra islandesa disse também não perceber a razão que explica que só agora um líder do executivo português tenha visitado o seu país, "porque as relações bilaterais sempre foram muito boas".
"Penso que os desafios do combate às alterações climáticas e a proteção dos oceanos impõem um aprofundamento das nossas relações", reforçou, antes de introduzir mais uma nota pessoal sobre a sua recente viagem particular a Portugal.
"Quando estive em Lisboa, vi que têm muito bacalhau da Islândia. E vocês fazem excelente bacalhau", comentou.
De acordo com o executivo de Lisboa, o maior potencial de cooperação regista-se na área das energias renováveis, que é "uma das apostas dos governos dos dois países, representando novas oportunidades para as empresas portuguesas fornecedoras de equipamentos para centrais de energia renovável desde turbinas, transformadores, geradores e soluções solares de pequena escala, para produção de energia fora da rede".
A meio da tarde, o primeiro-ministro visita em Selfoss, a cerca de 40 quilómetros de Reiquiavique, a Geothermal Power Plant, a maior central de produção de energia elétrica geotermal da Islândia e uma das maiores do mundo, com 303 megawatts de capacidade instalada.
Nesta sessão, António Costa presidirá à assinatura de um memorando de entendimento entre a Agência Portuguesa de Energia (ADENE) e a Autoridade Nacional para a Energia da Islândia que tem como objetivo estabelecer um quadro de cooperação entre as duas entidades ao nível da partilha de conhecimentos, colaboração técnica e desenvolvimento de projetos conjuntos.
Será ainda assinado um memorando de cooperação nos campos da eficiência energética e energia e geotermal, cerimónia após a qual António Costa se desloca à Carbfix, que é uma unidade industrial de captura e mineralização de dióxido de carbono.
Ao fim da tarde, antes de estar presente numa receção à comunidade portuguesa, o primeiro-ministro é recebido pelo presidente da Câmara Presidente de Reiquiavique, Dagur Eggertsson, numa visitará que efetuará ao cluster dos oceanos na capital islandesa.
[Notícia atualizada às 17h20]
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