Rosa Grilo, mulher de Luís Grilo confessou, esta terça-feira, que matou o marido, explicando que fez "dois disparos" sobre o homem. "Um na cabeça do meu marido, o outro terá ficado no colchão. Ele estava a dormir profundamente, na noite anterior tinha acontecido algo muito desagradável", disse, citada pela CNN Portugal.
A confissão foi feita no Tribunal de Vila Franca de Xira, durante o julgamento da sua ex-advogada, Tânia Reis, e do perito forense João de Sousa, ambos acusados de favorecimento pessoal e suspeitos de plantarem provas no caso da morte de Luís Grilo.
Rosa Grilo, que foi condenada a 25 anos de prisão efetiva pelo homicídio do marido, nunca tinha admitido a autoria do crime.
Como aconteceu?
Rosa Grilo detalhou que, no total, disparou quatro vezes, com as primeiras duas tentativas a serem um treino. De acordo à ex-mulher do atleta, premiu primeiro o gatilho na garagem de casa, e a segunda vez contra a banheira.
“Os outros dois disparos fiz sobre o meu marido. Um na cabeça do meu marido, o outro terá ficado no colchão. Ele estava a dormir profundamente, na noite anterior tinha acontecido algo muito desagradável”, explicou em tribunal, acrescentando que o marido dormia tranquilamente porque o drogou. “Meti-lhe meia dúzia de calmantes na comida", confessou.
Rosa Grilo continuou ainda a descrever os acontecimentos que se sucederam, nomeadamente, como descartou o corpo de Luís Grilo. Primeiramente, referiu que começou por lavar a arma do crime, passando-a depois por água oxigenada.
“Tive de levar o Luís para a garagem, embrulhei-o nos lençóis e arrastei-o. Tapei o corpo do Luís com lenha", continuou, acrescentando depois que, de forma a "construir a história", se dirigiu às instalações da Guarda Nacional Republicana, indicando que o marido tinha desaparecido.
Rosa continuou ainda a detalhar a situação, contando, nomeadamente, que da primeira vez que a Polícia Judiciária foi à sua casa na sequência do caso, esta recebeu os inspetores “com a caixa de munições no bolso do roupão".
Terá sido aqui que a sua ex-advogada, Tânia Reis, 'entra' na história - em que também é arguida - dado que lhe terá pedido para fazer desaparecer a caixa de munições, mas foi o pai que acabou por se desfazer delas. “Ele deitou-as na barragem do Maranhão”, explicou.
Durante a sua intervenção, Rosa Grilo reforçou ainda que mentiu em tribunal quando diretamente questionada sobre aquela que a investigação pensava ser a arma do crime. Na altura, foi confrontada com várias armas apreendidas durante a investigação, tendo dito que tinha tirado da casa do amante uma delas, aquela que as autoridades acreditavam ser a arma do crime. "A outra era mais cinza", referiu.
Já hoje, reconheceu que tinha sido aquela a arma que causou a morte: "Menti. A arma era aquela".
De acordo com o jornal Público, Rosa Grilo justificou o crime com os desentendimentos constantes e com alegadas ameaças de Luís Grilo e explicou que apresentou um relato completamente diferente no seu julgamento porque era a estratégia da defesa.
Rosa Grilo e António Joaquim, que mantinham uma relação extraconjugal, estavam acusados da coautoria do homicídio de Luís Grilo, em julho de 2018, na sua casa nas Cachoeiras, em Vila Franca de Xira.
Na acusação, o Ministério Público atribuiu a António Joaquim a autoria do disparo, na presença de Rosa Grilo, no momento em que o triatleta dormia. Contudo, durante o julgamento, o tribunal de júri procedeu à alteração não substancial de factos, atribuindo à arguida Rosa Grilo a autoria do disparo.
O crime terá sido cometido para poderem assumir a relação amorosa e beneficiarem dos bens da vítima - 500.000 euros em indemnizações de vários seguros e outros montantes depositados em contas bancárias tituladas por Luís Grilo, além da habitação.
Em 3 de março de 2020, na leitura do acórdão, que decorreu no Tribunal de Loures, distrito de Lisboa, o tribunal de júri (além de três juízes, foram selecionados quatro cidadãos - jurados) condenou Rosa Grilo a 25 anos de prisão pelo homicídio do marido, por profanação de cadáver e por detenção de arma proibida, enquanto António Joaquim foi condenado à pena suspensa de dois anos por detenção de arma proibida, mas foi absolvido da coautoria do homicídio da vítima.
O Ministério Público recorreu do acórdão quanto ao arguido e o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL), por acórdão proferido em setembro, alterou por completo a decisão do tribunal de júri (tribunal de primeira instância) e também condenou António Joaquim à pena máxima.
As defesas dos arguidos recorreram para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) que, em 25 de março de 2021, negou provimento aos recursos apresentados, confirmando a decisão do TRL, o qual manteve os 25 anos de cadeia à arguida e condenou o arguido também à pena máxima.
[Notícia atualizada às 18h16]
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