Pai envolvido e um misterioso "nós". Pontas soltas na confissão de Rosa
Rosa Grilo foi condenada a 25 anos de prisão efetiva pelo homicídio do marido, mas, na terça-feira, em tribunal, confessou o crime e adiantou mais detalhes sobre o que aconteceu ao triatleta Luís Grilo na noite de 15 de julho de 2018.
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País Rosa Grilo
Afinal, o caso do homicídio de Luís Grilo ainda não está totalmente esclarecido e a trama ganhou um novo episódio: na terça-feira, em tribunal, a mulher do triatleta admitiu pela primeira vez a autoria do crime, explicando como procedeu naquela fatídica noite de 15 de julho de 2018.
Rosa Grilo - que mantinha uma relação extraconjugal com António Joaquim, também ele condenado a dois anos de pena suspensa por detenção de arma proibida - terá disparado duas vezes sobre o marido quando o mesmo se encontrava a dormir, sob o efeito de drogas que a mulher lhe forneceu.
Depois, embrulhou o corpo em lençóis e escondeu-o na garagem. “Tive de levar o Luís para a garagem, embrulhei-o nos lençóis e arrastei-o. Tapei o corpo do Luís com lenha", relatou. Depois, dirigiu-se Guarda Nacional Republicana (GNR) para reportar o desaparecimento do marido, alegando que tinha acontecido durante um treino. Fica por saber, no entanto, como é que conseguiu arrastar, sozinha, o corpo do marido.
As novas informações foram reveladas na terça-feira, no Tribunal de Vila Franca de Xira, durante o julgamento da sua ex-advogada, Tânia Reis, e do perito forense João de Sousa.
Terá sido a sua própria ex-advogada, aliás, que lhe pediu para fazer desaparecer a caixa das munições utilizadas, acabando por ser o pai a realizar a tarefa, na barragem do Maranhão.
Paralelamente, Rosa Grilo deu mais informação, num aparente momento de confusão. "O Luís estava de costas para nós", contou a mulher, citada pela CNN Portugal. Nesse momento, a juíza tê-la-á interrompido, questionando sobre a quem se referia quando disse "nós". Supostamente, Rosa Grilo estava sozinha quando matou o marido. "Eu não disse nós", corrigiu a mulher.
António Joaquim abre portas a recurso extraordinário
A surpreendente confissão levou o amante de Rosa Grilo, que terá sido parte ativa na organização e execução do homicídio, a admitir apresentar um recurso extraordinário de revisão da condenação.
Segundo o defensor de António Joaquim, citado pela Lusa, o recurso extraordinário de revisão da condenação "faz todo o sentido e é a única forma de reabrir" o processo, mas "não pode ser feito de ânimo leve". "Tem de ser feito de forma segura e muito bem consubstanciado", sublinhou, referindo que por esse motivo a questão está a ser avaliada "com muita calma".
Mais mentiras
Para além da confusão em torno do "nós" - a que Rosa Grilo recorreu para contar a história do homicídio e da revelação sobre a autoria dos disparos - a mulher esclareceu ainda outra mentira que contou às autoridades: questionada sobre a suposta arma do crime, e confrontada com várias armas apreendidas durante a investigação, mentiu, tendo na altura rejeitado que aquela fosse a arma utilizada para matar o marido. Mas era mesmo. "Menti. A arma era aquela", confessou.
Homicídio por 500 mil euros?
Rosa Grilo e António Joaquim, que mantinham uma relação extraconjugal, estavam acusados da coautoria do homicídio de Luís Grilo, em julho de 2018, na sua casa nas Cachoeiras, em Vila Franca de Xira.
O crime terá sido cometido para poderem assumir a relação amorosa e beneficiarem dos bens da vítima - 500.000 euros em indemnizações de vários seguros e outros montantes depositados em contas bancárias tituladas por Luís Grilo, além da habitação.
Em 3 de março de 2020, na leitura do acórdão, que decorreu no Tribunal de Loures, distrito de Lisboa, o tribunal de júri (além de três juízes, foram selecionados quatro cidadãos - jurados) condenou Rosa Grilo a 25 anos de prisão pelo homicídio do marido, por profanação de cadáver e por detenção de arma proibida, enquanto António Joaquim foi condenado à pena suspensa de dois anos por detenção de arma proibida, mas foi absolvido da coautoria do homicídio da vítima.
O Ministério Público recorreu do acórdão quanto ao arguido e o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL), por acórdão proferido em setembro, alterou por completo a decisão do tribunal de júri (tribunal de primeira instância) e também condenou António Joaquim à pena máxima.
As defesas dos arguidos recorreram para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) que, em 25 de março de 2021, negou provimento aos recursos apresentados, confirmando a decisão do TRL, o qual manteve os 25 anos de cadeia à arguida e condenou o arguido também à pena máxima.
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