Em declarações à Lusa, à margem do 14.º Congresso Nacional das Misericórdias, em Lisboa, Pedro Adão e Silva recordou que o Ministério da Cultura tem "estado a trabalhar, em conjunto com o Ministério das Finanças, para alterar a indemnização compensatória" paga à empresa pelo Estado, o seu principal acionista.
"No quadro da indemnização compensatória que vigorava não havia margem para a uma proposta de aumentos [salariais] diferente daquela que foi feita. O nosso compromisso é que ela seja superior. Julgo que brevemente o Conselho de Administração [da Lusa] terá condições de comunicar aos trabalhadores o valor exato dessa proposta, e quando ela for comunicada e concretizada, terá retroativos a janeiro", afirmou.
O ministro reiterou uma nova proposta de aumentos salariais "depende de uma alteração da indemnização compensatória, que tem os seus prazos e os seus processos, que não se resolve de um dia para o outro".
Além do valor da atualização salarial, será também "muito brevemente" comunicado "o valor da atualização do subsídio de refeição", que terá igualmente "efeitos retroativos a janeiro".
Os trabalhadores da agência Lusa entregaram esta semana um pré-aviso greve, para os dias 09, 10, 11 e 12 de junho.
Esta será a segunda greve que os trabalhadores da Lusa realizam este ano. A primeira, que aconteceu em 30 e 31 de março e 01 e 02 de abril, levou ao fecho da linha de serviço noticioso.
Questionado sobre a possibilidade de a nova proposta de aumentos ser comunicada pelo Conselho de Administração aos trabalhadores antes de 09 de junho, o primeiro dia de greve, Pedro Adão e Silva afirmou que "isso depende, inclusivamente, de uma decisão do Conselho de Ministros".
"Estas coisas têm os seus requisitos e as suas exigências. O compromisso existe, é firme. Quem depois tem de materializar, do ponto de vista dos valores, e comunicar aos trabalhadores é o Conselho de Administração e não os membros do Governo. Os membros do Governo têm que criar as condições para que isso possa ser concretizado", disse.
O ministro da Cultura acrescentou ainda que as tutelas estão "a trabalhar nisso".
"Não é uma coisa simples, que se resolva de um dia para o outro. Julgo que brevemente será fechado esse processo e muito brevemente será possível comunicar o valor exato", concluiu.
Os sindicatos representativos dos trabalhadores da agência Lusa iniciaram em dezembro do ano passado um processo de negociação salarial, tendo em vista aumentos salariais que compensem os 12 anos em que tal não aconteceu.
Em 03 de novembro, os trabalhadores da Lusa tinham aprovado um caderno reivindicativo, que incluía um aumento mínimo de 120 euros nos salários e a atualização do subsídio diário de refeição, pago em cartão, para o valor máximo não tributável.
No início das conversações, a administração da empresa ofereceu 35 euros de aumento, valor rejeitado pelos trabalhadores. A proposta da empresa foi entretanto aumentada para os 74 euros, com os sindicatos a contraporem com 100 euros.
Além da greve marcada para junho, os trabalhadores aprovaram uma outra para agosto, na semana em que Lisboa recebe a Jornada Mundial da Juventude, que, de acordo com os sindicatos, irá realizar-se "se nada mudar" até lá.
A Lusa, com sede em Lisboa e delegações em outras localidades portuguesas e no estrangeiro, tem mais de 300 trabalhadores, a grande maioria dos quais jornalistas.
A agência de notícias é detida em 50,15% pelo Estado. O restante capital encontra-se nas 'mãos' de privados, com a Global Media Group (GMG), que é liderada por Marco Galinha e detém os títulos Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), TSF, entre outros, a controlar 23,36%, seguida da Páginas Civilizadas, do grupo Bel, de Marco Galinha (que também é acionista da GMG), com 22,35%, da NP - Notícias de Portugal, detentora de 2,72%, e do Público, com 1,38%.
A RTP detém 0,03% da Lusa, enquanto O Primeiro de Janeiro, SA e a Empresa do Diário do Minho, Lda possuem, cada um, uma posição de 0,01% da agência de notícias portuguesa.
Leia Também: Presidente da ANMP diz que uma "Lusa forte é decisiva para o futuro"