Ao escrutínio concorrem 20 partidos e duas coligações, sendo os principais o Movimento para Alternância Democrática (Madem-G15), atualmente no Governo, e a coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) - Terra Ranka, que inclui o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, na oposição), e que inclui ainda a União para a Mudança (UM), o Partido da Convergência Democrática (PCD), o Movimento Democrático Guineense (MDG) e o Partido Social-Democrata (PSD).
Entre as principais forças políticas estão ainda o Partido de Renovação Social (PRS), que integra o atual Governo de iniciativa presidencial, mas que tem criticado a ação do executivo durante a campanha eleitoral, e o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), de Botché Candé, atual ministro da Agricultura, e que se tem igualmente distanciado dos partidos que integram o Governo.
A Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), do primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam, tem tido uma presença mais discreta na campanha eleitoral e o chefe do Governo perspetivou já que nenhum partido vai conseguir a maioria, sendo necessário um consenso para formar o executivo.
Na campanha, o Madem-G15 adotou a estratégia de se colar à imagem do Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que foi um dos fundadores do partido, usando a sua imagem nos cartazes e nos ecrãs dos palcos nos comícios, tendo o líder do partido, Braima Camará, afirmado que o desenvolvimento do país só será possível com esta dupla no poder.
O chefe de Estado guineense reiterou, já durante a campanha e na presença da comunidade internacional que não vai nomear o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, nem o vice-presidente do partido, Geraldo Martins, para o cargo de primeiro-ministro, alegando que ambos terão de responder a casos na justiça.
Sissoco Embaló manifestou-se mesmo disponível para ele próprio procurar um entendimento pós eleitoral entre a coligação PAI - Terra Ranka e o Madem-G15, caso nenhum dos partidos consiga a maioria.
Na resposta a estas declarações do Presidente, Domingos Simões Pereira, que foi o seu adversário nas presidenciais de 2019, exigiu através de uma carta aberta do seu partido que o chefe de Estado parasse de interferir na campanha eleitoral, considerando depois que se trata de uma questão "de respeito das leis e da vontade popular".
O PAIGC ganhou as legislativas de 2019, sem maioria, obtendo 47 deputados, seguido do Madem-G15, com 27 assentos, do PRS, com 21 deputados, na quarta posição ficou a APU-PDGB, com cinco deputados, e do Partido da Nova Democracia e da UM, com um deputado cada um.
Apesar de ter ganhado as eleições, o PAIGC deixou de estar no Governo em 2020, depois de o Presidente ter demitido o primeiro-ministro Aristides Gomes, e formado um executivo com elementos do Madem-G15, do PRS e da APU-PDGB. Este Governo acabaria por ter o seu programa aprovado mais tarde pelo parlamento com o voto daqueles partidos e com o apoio de cinco deputados dissidentes do PAIGC.
Na quarta-feira, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) deu conta de que ainda faltavam 300 milhões de francos cfa (457 mil euros) da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para a realização das eleições, mas na quinta-feira o chefe da missão de observadores da organização, Jorge Carlos Fonseca, anunciou que o problema já estava resolvido.
Também na quinta-feira, as forças de segurança e defesa não compareceram para votar antecipadamente nas comissões regionais de eleições, o que levou a CNE a deliberar, após uma reunião de várias horas da plenária de que estes elementos em serviço fora da sua área geográfica de recenseamento devem votar hoje até às 14h00 locais (15h00 em Lisboa).
Para estas eleições estão registados 893.618 eleitores, dos quais 17.922 na diáspora em África e 17.894 na Europa, incluindo 7.789 em Portugal.
Segundo a CNE, as urnas abrem às 7h00 locais (8h00 em Lisboa) e encerram às 17h00 (18h00 em Lisboa) e haverá 3.524 mesas de voto, das quais 55 em África e 57 na Europa.
Ao todo estão no país cerca de 200 observadores, ainda de acordo com a CNE, nomeadamente 60 da missão de curta duração da CEDEAO, liderada pelo ex-presidente cabo-verdiano Jorge Carlos Fonseca, além dos 15 que já estão no terreno, 29 da União Africana, chefiados pelo ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano, enquando a missão da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), composta por 27 elementos, é chefiada pelo ex-vice-ministro dos Negócios Estrangeiros timorense Alberto Carlos.
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