O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez, esta sexta-feira, uma antevisão sobre o seu discurso nas celebrações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas e prometeu não falar do "dia a dia", mas sim dos "problemas de fundo no país".
"Aqui no Douro tenho de falar da lição que o Douro nos oferece, ao mesmo tempo projetando para o país. Estou a falar para o país e para o país que está espalhado no mundo", começou por referir o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas, no Peso da Régua, quando questionado sobre o discurso do 10 de Junho.
Na ótica de Marcelo, os discursos no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portugueses "têm de ser discursos curtos e que não tenham a ver com o dia a dia".
"O dia a dia é marcado pelo que se passa na Assembleia da República, o que é que se passa com o partido tal, o que é que se passa com o sindicato tal, o que é que se passa com a greve tal, com isto e com aquilo", explicou, acrescentando que "há problemas de fundo no país, que já são muito antigos e têm tido altos e baixos, e vale a pena falar deles".
O Presidente da República assumiu que a "ideia fundamental" de trazer para a Régua e o Douro as comemorações do Dia de Portugal foi chamar a atenção para "os interiores às vezes esquecidos" do continente.
"A ideia fundamental de trazer para o Peso da Régua, para o Douro, o Dia de Portugal foi chamar a atenção para os interiores às vezes esquecidos de Portugal continental", afirmou o Presidente da República, numa altura em que caminhava pelas ruas da cidade a cumprimentar a população e a tirar 'selfies' com os muitos que o abordavam.
Marcelo Rebelo de Sousa antecipou a chegada ao Peso da Régua, esta manhã, porque fez questão de estar presente nos ensaios do desfile militar, que vai acontecer no sábado, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Como comandante supremo das Forças Armadas quis estar "à mesma chuva" dos muitos militares que se concentram na cidade do distrito de Vila Real, provenientes de vários sítios do país.
Mas, ter vindo mais cedo e estar na Régua mais tempo é também, acrescentou, uma "forma de chamar a atenção das pessoas".
"Venham até cá se puderem, contribuam para a economia desta região, percebam os problemas desta região, percebam o que têm de riqueza, o vinho do Douro, mas também o que têm de carências, os acessos, as dificuldades de viver aqui, as desigualdades em muitos aspetos, na educação ou na saúde ou na economia", referiu.
Questionado sobre se o 10 de Junho da Régua é também uma forma de homenagear o Douro e os viticultores, o Presidente da República respondeu: "Claro".
"Porque o Douro é feito de dezenas de milhares de produtores de vinho, que vão desde a Guarda e Viseu, até à fronteira em Trás-os-Montes e depois os vários 'Douros' (...) E olhar para eles e os problemas deles, eu acho que é muito justo", afirmou.
O Presidente da República lembrou as "grandes dificuldades" de fazer a cultura do vinho neste território, "com incertezas muito grandes, com crises às vezes grandes que atingem os produtores e depois com dificuldades de prender as pessoas ao territórios, os mais novos para que eles fiquem cá".
Este ano, as comemorações do Dia de Portugal começaram no dia 5 na África do Sul e terminam em Portugal, no Peso da Régua, distrito de Vila Real, onde terá lugar a cerimónia militar do 10 de Junho.
Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, primeiro-ministro, vão participar amanhã numa cerimónia militar comemorativa, que contará com a tradicional intervenção do chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas e do presidente da comissão organizadora das celebrações, enólogo João Nicolau de Almeida.
[Notícia atualizada às 17h07]
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