A ministra da Habitação, Marina Gonçalves, visitou hoje aquele bairro do concelho de Almada, no distrito de Setúbal, onde em outubro de 2022, algumas casas do bairro foram demolidas, tendo a Câmara de Almada justificado a ação com o risco de derrocada das construções situadas numa linha de água que atravessa o bairro.
Esta visita surgiu a convite da Associação Cova do Mar, que presta apoio social no bairro do 2.º Torrão, mas contou também com a presença da presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, do vereador da Habitação, Filipe Pacheco, e do presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).
Ao longo da visita os moradores queixaram-se do processo de realojamento tendo alguns referido que foi feito "de forma desumana e abrupta", acusações várias vezes refutadas pelos autarcas que alertaram para a emergência da situação e para as soluções de urgência de alojamento encontradas na altura e posterior realojamento em casas encontradas pelo concelho.
Durante duas horas a ministra foi percorrendo as ruelas do bairro com várias paragens para ouvir os moradores garantindo-lhes que o Governo está a trabalhar para que todas as pessoas possam ter acesso a uma habitação e realçando a importância de existir um trabalho conjunto com as autarquias, moradores e associações locais.
"Estes momentos de estar no bairro e ouvir as pessoas é sempre muito importante. O que queremos mesmo é resolver esta realidade. Este bairro nasceu em 1976, há quase 50 anos, e precisamos coletivamente, Governo, câmara, associações e moradores de encontrar soluções com a serenidade possível", disse a ministra em declarações aos jornalistas.
Alexandra Leal, presidente da Associação Cova do Mar, destacou o facto de a visita ter tido como mais valia mostrar a importância de um diálogo entre o município e os moradores do bairro, tendo como foco as pessoas e os seus problemas.
"Essa é a grande esperança. Que este diálogo ocorra e que as barreiras comecem a ser quebradas. O foco é a comunidade sentir que começa a ser ouvida", disse.
Já a presidente da autarquia, Inês de Medeiros, que também foi respondendo ao longo da visita a todas as questões e criticas apontadas pelos moradores, explicou que o realojamento do bairro tem como horizonte temporal os dez anos, no âmbito da Estratégia Local de Habitação, mas que com o Plano de Recuperação e Resiliência a autarquia está a tentar acelerar o processo.
O 2.º Torrão, na freguesia da Trafaria, é um bairro precário do concelho de Almada, distrito de Setúbal, com mais de três mil pessoas, que há cerca de 40 anos se começou a formar ilegalmente, uma condição que se mantém, assim como as carências habitacionais, a falta de luz, de esgotos ou de limpeza nas ruas.
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