Com mais de 100 hematomas, Jéssica sofreu máximo de dor. Mãe fala hoje
Caso tivesse sido levada para o hospital, a criança estaria viva, mas com sequelas muito graves para o resto da vida, cega e gravemente debilitada. Eis as principais declarações feitas ontem em tribunal pelo responsável do Gabinete Médico-Legal de Setúbal, João Luís Ferreira dos Santos.
© Carlos Pimentel/Global Imagens
País Caso Jéssica
Jéssica Biscaia, a menina de três anos morta em Setúbal em junho do ano passado, terá sofrido o nível máximo de dor durante os dias de tortura de que foi alvo, enquanto esteve retida em casa dos arguidos Ana Pinto, do marido Justo Montes e da filha Esmeralda Montes, como garantia de pagamento de uma dívida da mãe, Inês Sanches, por atos de bruxaria. Segundo o responsável do Gabinete Médico-Legal de Setúbal, João Luís Ferreira dos Santos, a criança estaria viva caso tivesse sido levada para o hospital, ainda que com sequelas muito graves.
A mãe deverá falar em tribunal já esta quarta-feira.
“Alguém de forma selvática agarrou na criança e abanou-a fortemente durante 5 a 20 segundos, duas a quatro vezes por segundo, o que lhe provocou a morte e depois jogou a cabeça da menina contra uma superfície dura", disse o responsável, que foi ouvido na terça-feira pelo tribunal de Setúbal, citado pela RTP.
Com mais de uma centena de hematomas, a pequena Jéssica terá também sofrido uma queimadura no nariz, provocada por um líquido a ferver, além de ter marcas de unhas pelo corpo, que permitem perceber que tentou defender-se, e lesões profundas nas orelhas.
“Levou puxões de orelhas, mas não de qualquer maneira, de forma energética e feitos várias vezes, [além de] palmadas, murros pontapés em todas as zonas do corpo. (…) A escala de dor é medida de 0 a 7, e a dor que a menina sofreu foi claramente sete”, apontou o médico-legista, revelando que "parece que andaram a jogar à bola com a cabeça da menina", segundo o Jornal de Notícias.
O mesmo meio adiantou que, caso tivesse sido levada para o hospital, a criança estaria viva, mas com sequelas muito graves para o resto da vida, cega e gravemente debilitada.
Questionado pelo juiz presidente do coletivo, o perito garantiu, no entanto, que não foram encontrados indícios de que a menina tivesse sido utilizada como correio de droga como sustenta o despacho de acusação, mas também não excluiu essa possibilidade. João Luís Ferreira dos Santos disse que a menina apresentava de facto um "alargamento do esfíncter anal", mas que não foram detetados sinais de lesões recentes.
Tanto a mãe da criança, como a avó paterna terão saído em lágrimas da sala de audiências, face às informações reveladas.
A advogada de Inês Sanches anunciou, na terça-feira, que a sua constituinte está disponível para prestar declarações ao tribunal, ao contrário do que tinha dito anteriormente. A responsável justificou a alteração de posição com a "estratégia de defesa" da mãe da menina de três anos que morreu a 20 de junho de 2022, alegadamente devido aos maus-tratos que lhe terão sido infligidos durante cinco dias.
Ana Pinto, o marido, Justo Ribeiro Montes, e a filha, Esmeralda Pinto Montes, estão a ser julgados pelos crimes de homicídio qualificado consumado, rapto, rapto agravado e coação agravada.
Estes três arguidos e Eduardo Montes, filho de Ana Pinto e Justo Ribeiro Montes, estão ainda acusados de um crime de violação agravado e de um crime de tráfico de estupefacientes agravado.
A mãe de Jéssica está acusada dos crimes de homicídio qualificado e de ofensas à integridade física qualificada, por omissão.
O caso começou a ser julgado no tribunal de Setúbal a 5 de junho.
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