Após a cimeira da NATO em Vilnius, na Lituânia, o primeiro-ministro português realçou a "enorme derrota geoestratégica" em que resultou, para a Rússia, "a guerra desencadeada por Putin" na Ucrânia, principalmente pela aproximação da entrada de Kyiv na NATO, bem como da Suécia, e da entrada oficial da Finlândia na Aliança Atlântica.
"Esta cimeira da NATO foi uma prova indiscutível da unidade da Aliança no apoio à Ucrânia, tendo em vista que se conduz a bom caminho da paz e uma derrota clara de quem violou o direito internacional", disse António Costa aos jornalistas, atirando farpas: "Se [Putin] pretendia dividir a NATO, a verdade é que a NATO se uniu, se [Putin] pretendia enfraquecer a NATO, a realidade é que a NATO está mais forte. Se [Putin] pretendia afastar a Ucrânia, a Ucrânia agora está mais próxima da NATO do que estava anteriormente."
António Costa considerou que as críticas de Zelensky à NATO foram um "mal-entendido" e recordou que "foi ontem assinado um acordo na aliança para os F-16". Portugal comprometeu-se a formar pilotos ucranianos para voar caças F-16, mas o primeiro-ministro não avançou, ainda, com uma data certa para o início dessas informações.
O chefe do Governo português fez eco, também, das preocupações que tem com o papel da NATO no seu flanco sul, sendo que "a NATO tem uma visão de 360º, olha para o conjunto das ameaças e desafios à escala global".
"Ninguém está acima da lei", diz Costa sobre buscas no PSD
Apesar de, inicialmente, se ter negado a falar de política nacional, António Costa acabou por dizer aos jornalistas, relativamente às buscas que decorrem, esta quarta-feira, num processo ligado ao PSD e ao seu antigo líder, Rui Rio, que é necessário "deixar a Justiça fazer o seu trabalho".
"Os portugueses têm motivos diversos para poderem confiar no sistema de Justiça. Primeiro, porque não há nenhum país, que eu conheça, onde o grau de independência dos tribunais e a autonomia do Ministério Público seja tão elevado como em Portugal. O que significa que ninguém está acima de qualquer suspeita, nem acima da lei, seja o cidadão comum, seja o primeiro-ministro, seja quem for", disse António Costa.
O primeiro-ministro saudou também a robustez do quadro jurídico português, em que a Polícia Judiciária foi reforçada, nos últimos anos, "como nunca tinha sido reforçada". "Não vale a pena querermos trazer para a praça pública aquilo que deve ser tratado no lugar próprio, que é na Justiça. Sempre tive uma concordância absoluta com o dr. Rui Rio quando dizia que não devemos fazer julgamentos de tabacaria", continuou.
O chefe do Governo realçou, aliás, que "um dos grandes ganhos civilizacionais foi termos deixado de ter julgamentos populares e passado a ter julgamentos nos lugares próprios, que são os tribunais".
"Eu acho que os portugueses têm todas as razões [para confiar na política]. Porque se a justiça tem esta independência e estes meios, se o MP tem esta autonomia, isso resulta da vontade política, porque quem criou este sistema de Justiça foram membros políticos, não foi mais ninguém", confiou ainda António Costa, defendendo: "Se há crimes, serão devidamente investigados e, se se verificarem, punidos. Se não há crime, as pessoas devem ser absolvidas. O estado de direito é compreensivo e pressupõe também a presunção da inocência."
[Notícia atualizada às 14h25]
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