Armando Pereira deverá ser ouvido este sábado. O que está em causa?

O empresário é suspeito de lesar o estado e a Altice em mais de cem milhões de euros.

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© Paulo Jorge Magalhães / Global Imagens

Notícias ao Minuto com Lusa
15/07/2023 09:19 ‧ 15/07/2023 por Notícias ao Minuto com Lusa

País

Altice

Armando Pereira, cofundador do grupo de telecomunicações Altice, vai ser ouvido pelo juiz de instrução criminal Carlos Alexandre neste sábado, após ter sido detido, na quinta-feira, por suspeitas de ter lesado o Estado - e a própria empresa - em mais de cem milhões de euros.

Em causa está a alegada simulação de negócios, bem como a alegada ocultação de proveitos na venda de património imobiliário da antiga PT.

Segundo concluiu a investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, terão sido cometidos crimes de corrupção, branqueamento, fraude fiscal e falsificação, bem como a "viciação do processo decisório do grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência".

A investigação indica também a existência de indícios de "aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira" através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas. Entende o MP que terão também sido usadas sociedades offshore, apontando para os crimes de branqueamento e falsificação.

Realizaram-se, então, "cerca de 90 buscas, domiciliárias e não domiciliárias - designadamente a instalações de sociedades e escritórios de advogados - em diversas zonas do país", nos dias 13 e 14 de julho. A investigação durou cerca de 3 anos.

Dessas buscas, que passaram, também, pela sede da Altice, resultou a apreensão, entre outros bens, de "viaturas de luxo e modelos exclusivos com um valor estimado de cerca de 20 milhões de euros", que são "representativos do resultado" dos crimes de que Pereira é suspeito.

Segundo a CNN Portugal, um dos negócios visados pela investigação é a venda de quatro prédios em Lisboa, cujo valor total ascendeu a cerca de 15 milhões de euros, com os compradores a serem associados a um meio empresarial montado em Braga, na Zona Franca da Madeira e no Dubai.

Na quinta-feira, quando confirmou a ocorrência das buscas, a Altice garantiu que está a "prestar toda a colaboração que lhe é solicitada", garantindo que "estará sempre disponível para quaisquer esclarecimentos".

Armando Pereira trocou, assim, a sua quinta em Guilhofrei, Vieira do Minho - que foi também alvo de buscas - pelo estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária, em Lisboa. Deveria ter sido ouvido na sexta-feira, mas tal não aconteceu devido a uma greve dos oficiais de justiça.

O homem, natural de Braga, que conta uma fortuna estimada em 1.600 milhões de euros, criou, junto do empresário Hernâni Vaz Antunes - também investigado pela Justiça, que se encontra em parte incerta -, uma extensa rede de fornecedores e sociedades que se associaram à Altice Portugal, e que chamaram a atenção das autoridades. 

Álvaro Gil Loureiro, administrador ligado a Hernâni Vaz Antunes, e uma das filhas deste empresário, Jéssica Antunes, foram também detidos no âmbito desta operação, avançou ainda a SIC.

A própria Altice anunciou que "já deu início" a uma investigação interna relacionada com os processos de compras e os processos de aquisição e venda de imóveis da subsidiária portuguesa, bem como de todo o grupo. 

Leia Também: Altice iniciou investigação interna sobre aquisição e venda de imóveis

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