O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) vão manter as respetivas greves que têm marcadas para os próximos tempos, após terem concluído, esta sexta-feira, uma reunião com o Ministério da Saúde, da qual não resultou nenhum acordo.
À saída do ministério, o líder do SIM, Jorge Roque da Cunha, lamentou que o ministro Manuel Pizarro não tenha feito "aquilo que era essencial, que era apresentar os documentos negociais", pelo que manterá vigente a greve nos dias 25, 26 e 27 de julho.
"Infelizmente, tivemos de ter esta forma de luta, bem como, a partir de segunda-feira, uma greve aos trabalhos extraordinários. Isso representa cerca de 800 mil consultas por ano", continuou Roque da Cunha, mantendo "a vontade de chegar a acordo" para a reunião de 28 de julho.
"É preciso que aquilo que é dito de amor ao SNS seja concretizado na prática, através de propostas concretas", pediu ainda, lamentando que, do lado da tutela, haja apenas "intenções".
FNAM só se senta à mesa se houver "proposta"
Já Joana Bordalo e Sá, líder da FNAM, lamentou ter saído, "outra vez", de "mais uma reunião sem possibilidade de acordo".
"Uma vez mais, o ministro da Saúde falhou com a sua palavra. Tinha ficado de nos entregar um documento até 14 de julho que tivesse a grelha salarial e condições de trabalho dignas para os médicos, e, uma vez mais, faltou não apenas aos médicos mas também aos doentes e utentes deste país, que precisam de ter médicos no SNS", disse aos jornalistas.
A FNAM vai manter a greve marcada para 1 e 2 de agosto - "a única salvaguarda de que possivelmente poderá haver proposta na mesa negocial" -, esclareceu Bordalo e Sá, garantindo que a FNAM apenas estará em condições de "se sentar nesta mesa, outra vez, quando a proposta concreta chegar", para poder ser analisada.
"O problema que se passa aqui é que não parece haver uma vontade, de facto, de parte do ministério da Saúde em andarmos com o acordo para a frente. Questionamo-nos até se não será o Governo a tentar suspender esta negociação", disse a líder sindical.
Para Bordalo e Sá, o importante é que "não haja perda de direitos", que é "o que está a ser proposto". "A FNAM não vai assinar qualquer tipo de acordo que implique perda de direitos e que coloque os doentes deste país em risco", assegurou.
SIM, FNAM e Ministério da Saúde reuniram, mais uma vez, esta sexta-feira, para discutir as reivindicações dos sindicatos do setor, que pedem melhores condições de trabalho, uma atualização das tabelas salariais e a melhoria das condições de contratação de profissionais.
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