Milhares de pessoas circulam em Lisboa – e em território nacional - nos primeiros dias da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), e os registos das multidões têm sido feitos nos locais destinados ao evento, mas também noutros locais... mais peculiares.
Talvez o calor que se faz sentir na capital portuguesa, assim como a emoção, terão levado às imagens que têm vindo a ser mostrados pelos meios de comunicação social, assim como pelas agências noticiosas. Nas fotografias – que pode ver na galeria acima – peregrinos celebram o evento dentro de fontes e chafarizes, como, por exemplo, em Belém.
Esta forma de ‘refrescar’ estava também já prevista pelas autoridades, que, num comunicado enviado na terça-feira ao Notícias ao Minuto, lembram como os banhos em locais desadequados não são aconselháveis.
Na nota, a Autoridade Marítima Nacional desaconselha “a todos a ida a banhos em toda a zona ribeirinha de Lisboa, alertando para os perigos existentes, nomeadamente as fortes correntes que são sentidas no rio Tejo”.
Para além das correntes que se podem fazer sentir, há ainda preocupações de saúde associadas.
Mário André Macedo, enfermeiro e mestre em saúde pública, revela ao Notícias ao Minuto que as preocupações com a qualidade das águas do Rio Tejo e fontes existem sim, mas contudo, são residuais.
A preocupação primária, diz, devem ser as lesões fruto de mergulhos - como a que teve o peregrino croata, e que são a maior causa de tetraplegia em jovens adultos.
“É verdade que há alguns perigos infecciosos, mas dada a evolução do nosso saneamento básico e da qualidade das águas, apesar dos riscos, são residuais”, revela.
A água do Rio Tejo, diz, melhorou “bastante” nos últimos anos pelo que o principal risco são infeções cutâneas. “A pessoa pode ter uma ferida ligeira ou estar na rocha e cortar-se. Ao mergulhar pode apanhar bactérias que causam infeções cutâneas, que felizmente são facilmente tratáveis”, refere.
No caso da Hepatite A, que também é uma preocupação (não a maior) refere que “contactos prolongados com a água podem ajudar à sua transmissão”. Em Portugal "é um vírus que circula e é umas das doenças que pode surgir através da água".
Quanto aos mares, estes têm “níveis de salinidade” que não são tão propensos a infeções da família da cólera como são os mares do norte. “Pelos níveis de salinidade, essas bactérias não existem cá”, contudo, "aumenta quando juntamos muita gente e de tantas nacionalidades diferentes com níveis de cobertura vacinal diferentes”.
“Há sempre aqui um risco remoto de alguém ter algum tipo de doença mas diria que esse risco é baixo”, afiança.
Já sobre os níveis de cobertura vacinal diferentes, o enfermeiro diz preocupar-se, essencialmente, com duas doenças: sarampo e a poliomielite.
A primeira, preocupa pois “é um vírus bastante transmissível e vêm peregrinos de zonas do mundo com coberturas não tão boas contra o sarampo”, pelo que podemos ter um surto - embora nunca uma epidemia. Já no que toca à poliomielite, está erradicada em Portugal e não há um caso de poliomielite por poliovírus selvagem “desde o princípio dos anos 90”, porém, casos ainda ocorrem em regiões com imunização incompleta. “O vírus continua a circular e se não mantivermos a vacinação elevada há aqui um perigo”, finaliza.
O Notícias ao Minuto contactou ainda a Câmara Municipal de Lisboa, no sentido de perceber se há alguma preocupação relacionada com esta ida a banhos no Tejo e em chafarizes, mas ainda não obteve resposta.
Outros alertas
Para quem se desloque até à praia, a Autoridade Marítima Nacional deixa alguns conselhos:
- Frequente as praias permanentemente vigiadas;
- Respeite a sinalização das bandeiras, das praias e as indicações dos nadadores-salvadores, dos agentes da autoridade e dos elementos que reforçam a vigilância nas praias;
- Vigie permanentemente as crianças;
- Evite dar saltos e mergulhos para a água;
- Em caso de emergência não entre na água, chame o nadador-salvador ou ligue o 112;
- Não perca de vista os seus pertences.
Na mesma nota, outras autoridades alertam ainda para outras recomendações relacionadas com a segurança. É o caso da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), que deixa conselhos para que as hipóteses de deflagrem incêndios fiquem reduzidas. “Todos os cuidados são poucos e atenção deve ser redobrada”. Desta forma, recorda que as temperaturas são elevadas e que, caso haja passeios em espaços florestais, deve estar atento a estas indicações:
- Não deite cigarros para o chão;
- Não atire pontas de cigarro pela janela do carro;
- Apague bem as beatas antes de as colocar no lixo;
- Não acenda fogueiras.
Também o Instituto de Emergência Médica (INEM) deixa avisos aos peregrinos para que estes tomem medidas de autoproteção – e previnam incidentes que possam vir a ocorrer devido à exposição às altas temperaturas. São estas:
- Reforçar a ingestão de líquidos, nomeadamente água ou sumos naturais.
- Devem evitar a ingestão de bebidas alcoólicas;
- Usar chapéu;
- Ter cuidados com a proteção solar, usando protetor solar, aplicando várias vezes ao dia;
- Usar roupas leves, soltas e de cor clara e preferencialmente de algodão e utilizar chapéu e óculos de sol.
O INEM faz ainda um apelo em relação a outras situações, como, por exemplo:
- Doenças transmissíveis (gastrointestinais, respiratórias ou outras), “que importa serem evitadas mediante cuidados de higiene”.
- Autossuficiência em medicação crónica durante o período de permanência em Portugal;
- Promoção de comportamentos saudáveis, nomeadamente no âmbito de comportamentos aditivos.
“Caso surjam situação de menor gravidade ou em necessidade de aconselhamento de saúde deve ser contactado o SNS24 através do 808242424”, lê-se na nota.
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