No fim da sua visita aos Países Baixos, a convite dos reis Willem-Alexander e Máxima, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou-se "muito, muito satisfeito".
"Porque, politicamente, dos contactos resultou uma quase, eu diria praticamente concordância política sobre a Europa, sobre o mundo, sobre a situação presente, sobre a Ucrânia, sobre o Médio Oriente. Em segundo lugar, porque economicamente reforçámos as nossas relações", justificou, em declarações aos jornalistas, em Amesterdão.
"Em terceiro lugar, porque vai haver uma ligação no domínio dos oceanos, a todos os níveis. No domínio da nossa Marinha, já existe, vai aumentar. Da Força Aérea, já existe, vai aumentar. Portanto, também é componente de defesa, defesa ligada à indústria, à construção, à reparação -- os nossos estaleiros vão beneficiar com isso", acrescentou.
Questionado sobre a posição do parlamento neerlandês contra o acordo comercial da União Europeia com o Mercosul, o chefe de Estado relativizou essa divergência.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que o acordo envolve "dois tipos de matérias", numas "é a União Europeia que tem poderes" para decidir, enquanto outras exigem "a concordância concordância específica e a participação" dos Estados-membros.
"Foi nessa parte que falou o responsável holandês, mas falaram vários responsáveis europeus. Portanto, digamos que há partes que avançam, outras partes demorarão mais tempo", acrescentou.
Para o Presidente da República, "o que há de muito importante é o salto enorme que as relações" entre Portugal e os Países Baixos "têm dado nos últimos cinco a dez anos".
O chefe de Estado destacou a cooperação nos setores do mar e da energia, em particular "no hidrogénio verde", em que Portugal "está agora a fazer uma ponte direta" com os Países Baixos.
"Se continuar a haver dificuldades de passagem de energia, de alguma maneira, para a França, por uma das interconexões, há uma maneira de tornear isso, que a Espanha quer, à sua maneira, tornear pelo Porto de Barcelona. Nós torneamos por Sines com o Roterdão", enquadrou.
Nesta visita de Estado de dois dias, Marcelo Rebelo de Sousa passou por Amesterdão, Haia e Delft, teve encontros com os reis e o primeiro-ministro neerlandês e visitou o Senado e a Câmara dos Representantes. Antes, na segunda-feira, reuniu-se com portugueses e lusodescendentes.
Acompanharam-no nesta deslocação o ministro da Economia, Pedro Reis, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos, o líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio, e os deputados Eurico Brilhante Dias, do PS, Isaura Morais, do PSD, Marta Martins da Silva, do Chega, e Mário Amorim Lopes, da IL.
Os reis Willem-Alexander e Máxima estiveram em Portugal em visita de Estado em outubro de 2017.
[Notícia atualizada às 23h40]
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