Cláudia Candeias, presidente da Associação Arco do Tempo, que gere a reserva, contou hoje em declarações à agência Lusa que nos últimos dias foram vividos momentos complicados, com a necessidade de retirar os sete burros da reserva para os colocar a salvo.
O incêndio, explicou, destruiu as pastagens dos animais, instalações e material e consumiu os sobreiros e medronheiros existentes na propriedade.
Os burros foram retirados por duas vezes, uma primeira para o parque de campismo de S. Miguel num percurso de três quilómetros feito a pé, e depois, com o aproximar das chamas do parque, os animais tiveram de ser deslocados novamente.
"Tivemos de fugir com os burrinhos do terreno que ardeu todo", disse Cláudia Candeias, explicando que a Arco do Tempo, uma associação cultural, recreativa, comunitária, de carisma social e sem fins lucrativos, além de ter a reserva dos burros, promove atividades em escolas, lares de idosos e no estabelecimento prisional de Odemira.
Atualmente, adiantou, os burros estão instalados no Monte da Moita, e a associação apela agora a ajuda de todos para começar a recuperar a propriedade, com especial urgência para uma bomba de água, tubos para canalizar a agua, cabos elétricos, feno e ração.
"A ajuda de todos é bem-vinda. Qualquer euro faz a diferença na sustentabilidade deste projeto", refere a reserva de burros nas suas páginas no Facebook e no Instagram, indicando dados para que possam ser feitas transferências.
A associação Arco do Tempo tem a sua sede numa escola antiga em Vale d'Alhinhos, cedida pela Câmara Municipal de Odemira, no distrito de Beja.
As chamas não atingiram o edifício, mas destruíram um anexo onde a associação guardava todo o material.
Roupas e adereços para o espetáculo de recreação de antigas profissões (ceifeira, sapateiro, padeiro, aguadeiros, varinas), agendado para os dias 01 e 02 de setembro, e material de arte para as ações de terapia que realizavam na prisão e nos lares, entre outros, ficaram totalmente destruídos.
A associação lançou assim um apelo público para que seja possível recuperar estes materiais, através de doação ou de empréstimos, tendo em vista o cumprimento das atividades agendadas.
O incêndio rural que deflagrou no sábado em Odemira e entrou nos concelhos de Monchique e Aljezur (Faro) destruiu pelo menos duas casas e uma unidade de turismo rural, além de vários anexos.
No município alentejano de Odemira há registo de uma unidade turística que ardeu quase na sua totalidade e de uma residência de primeira habitação destruída, ambas localizadas no Vale Juncal, em São Teotónio.
No concelho algarvio de Monchique, onde o fogo entrou ao final do dia de segunda-feira, ardeu uma área de 426 hectares, principalmente de mato e eucaliptal, mas também algum medronhal e sobreiros, indicou o presidente do município.
Segundo a Proteção Civil, o incêndio foi dominado hoje às 10:15, mas ainda há pontos que merecem atenção, sobretudo na frente sul, no cruzamento das duas regiões.
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