Costa quer cooperação e não competição com o Chile no negócio do lítio
O primeiro-ministro considerou hoje que foi aberta uma pista com o Chile para que exista cooperação e não competição em torno da exploração do lítio, salientando que esta matéria-prima é fundamental para a transição energética.
© Getty Images
País Chile
Esta posição foi defendida por António Costa após ter estado reunido com o presidente do Chile, Gabriel Boric, encontro que aconteceu no Palácio de La Moneda, depois das cerimónias dos 50 anos do golpe militar que derrubou a democracia chilena.
Em declarações aos jornalistas, o líder do executivo português disse que a reunião se centrou nas questões bilaterais, sobretudo de ordem económica, e adiantou que teve a oportunidade de transmitir algumas das preocupações que lhe foram comunicadas no domingo, durante o encontro que teve com empresários portugueses investidores no mercado chileno.
"Juntamente com a Argentina, o Chile detém as maiores reservas mundiais de lítio. Portugal e Espanha têm as maiores reservas de lítio da Europa. Queremos em conjunto colaborar positivamente para benefício de todos, tendo em vista um aproveitamento justo destes recursos naturais", declarou o primeiro-ministro.
De acordo com António Costa, é preciso evitar que haja "uma competição de uns com os outros".
"Pelo contrário, devemos colaborar em conjunto para acelerar esta transição energética, que é fundamental para se enfrentar as alterações climáticas. Há uma pista de trabalho que foi aberta com o Chile e que espero venha a dar frutos", referiu.
Questionado sobre a recente decisão do Governo chileno de nacionalizar toda a cadeia produtiva ligada ao lítio, António Costa desdramatizou, alegando que é um princípio "mais ou menos global de que os recursos naturais são do Estado".
"Em Portugal, os recursos naturais também são do Estado, que concessiona a sua exploração", antes de assinalar que o lítio "é menos abundante do que por vezes se pensa".
"Nos diferentes países, cada um procura atrair a sua própria fábrica de baterias. Ora, não vamos poder ter todos fábricas de baterias, mas é óbvio que aqueles que têm recursos naturais devem procurar valorizar e subir na cadeia de valor para que não sejam meramente países de extração", apontou.
Neste contexto, o primeiro-ministro falou das diferenças entre os mercados da Europa e da América do Sul.
"Mas será interessante podermos trabalhar em conjunto, sobretudo, porque algumas das reservas então entre países irmãos, que fazem parte da mesma comunidade ibero-americana. Entendo que se trabalharmos em conjunto temos vantagens", insistiu.
[Notícia atualizada às 20h56]
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