Canadá "aberto" a resolver situação de portugueses ilegais no país

O Presidente da República considerou hoje que o Governo do Canadá está aberto a resolver a situação dos portugueses que estão a trabalhar no país mas permanecem em condição ilegal, que admitiu que sejam "dezenas de milhares".

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© REUTERS/Carlos Osorio

Lusa
17/09/2023 21:13 ‧ 17/09/2023 por Lusa

País

Marcelo Rebelo de Sousa

"Estão a trabalhar no duro no Canadá, e eu penso que há uma abertura muito grande do Governo canadiano para resolver o problema", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, durante um passeio a pé pelo bairro mais português de Toronto, conhecido como 'Little Portugal'.

O chefe de Estado foi questionado sobre este assunto no fim da sua visita oficial de cinco dias ao Canadá dedicada às comunidades emigrantes portuguesas neste país.

"Ao longo da estadia falei com o primeiro-ministro Trudeau, que concordou que era preciso legalizá-los. Alguns deles estão cá há 10 anos, 15 anos, 20 anos, outros há cinco anos. Eu encontrei vários, que me acenavam no caminho aqui para a universidade [de Toronto], são não legalizados, não documentados", respondeu o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que também falou deste tema com o ministro da Imigração do Canadá, "e ele foi o primeiro a reconhecer que tem de ser resolvido urgentemente".

Realçando que "o Canadá se comprometeu com uma posição de abertura relativamente à imigração", Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que "parece que é justo que antes de tratar da imigração em geral trate daqueles que já trabalham, já criam riqueza".

Segundo o Presidente da República, o recenseamento de 2021 indicou que vivem no Canadá perto de 450 mil pessoas de origem portuguesa, mas além desses "provavelmente há dezenas de milhares -- 10 mil, 15 mil, 20 mil -- por todo este continente" que "não estão legalizados, mas são fundamentais" em setores como as águas e o saneamento, infraestruturas e obras públicas.

Em "Little Portugal", o chefe de Estado levou mais de duas horas e meia a percorrer cerca de um quilómetro e 200 metros entre a Paróquia de Santa Helena e a pastelaria portuguesa Nova Era, o que fez atrasar o seu programa de hoje, que inclui ainda uma ida a Mississauga, cidade perto de Toronto.

A meio do seu passeio a pé, Marcelo Rebelo de Sousa parou junto ao mural do artista português Vhils, em homenagem à luta sindical de portuguesas trabalhadoras de limpeza no Canadá, no qual está retratada Idalina Azevedo, que teve um papel de liderança nessa greve, há quase 50 anos, e que o Presidente da República conheceu.

Comovida, Idalina Azevedo, agora com 91 anos, contou ao chefe de Estado a história dessa luta sindical, relatando que, quando as colegas lhe agradeceram, respondeu: "Eu não fiz nada por vocês, nós todas fizemos. Lembrem-se do 25 de Abril em Portugal, que o povo unido jamais será vencido".

Num resumo da sua visita oficial de cinco dias ao Canadá, Marcelo Rebelo de Sousa apontou este momento como um dos mais emocionantes que teve e congratulou-se por ter encontrado em Montreal e Toronto uma diáspora portuguesa "muito forte", que consegue "manter o passado", mas "sempre a olhar para o futuro".

O Presidente da República reiterou a intenção de regressar ao Canadá antes do fim do mandato, incluindo no programa dessa visita uma passagem por Vancouver, onde agora não esteve.

[Notícia atualizada às 22h16]

Leia Também: Marcelo termina hoje visita oficial dedicada às comunidades portuguesas

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