O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou, esta terça-feira, que "é urgente respeitar a Carta das Nações Unidas para garantir a paz no mundo", durante o discurso no primeiro dia da 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, nos EUA.
Na ótica de Marcelo, é ainda "urgente acelerar a luta contra as alterações climáticas, a realização dos objetivos da agenda 2030, a proteção dos oceanos e da biodiversidade para garantir a paz e a reforma das instituições internacionais".
Voltando a frisar a urgência do respeito pela Carta das Nações Unidas para garantir a paz no mundo, o Presidente da República elaborou que "essa é a urgência do povo ucraniano" e em "todo o mundo". "Por isso, não é possível separar a luta do povo ucraniano da luta pelo respeito da Carta das Nações Unidas", acrescentou.
No entanto, segundo apontou, "também não é possível acelerarmos os objetivos de desenvolvimento para 2030". "Estão atrasados, continuam atrasados, prolongam as desigualdades entre Estados, entre povos", frisou.
"As organizações financeiras que existem não são capazes de financiar o desenvolvimento sustentável com equidade e com justiça. Favorecem os mais ricos, desfavorecem os mais pobres", atirou Marcelo.
O chefe de Estado voltou-se para o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, frisando que "Portugal não vai desistir" de apoiá-lo "custe o que custar" nas prioridades que estabeleceu. "É fácil vir aqui todos os anos prometer o mesmo e não realizar aquilo que é prometido, não contribuir para a paz respeitando o direito internacional e a Carta das Nações Unidas", salientou.
"Ano após ano, nós prometemos. É tempo de cumprir no respeito do direito internacional, na construção da paz, na cooperação internacional, das desigualdades mundiais, na reforma das Nações Unidas, nas alterações climáticas, nas reforma das instituições financeiras mundiais", alertou também.
Segundo o Presidente da República, "sem isso não há paz um pouco por todo o mundo". "Cada dia perdido é mais um dia de desigualdades, egoísmo, de conflito, de guerra", acrescentou, reforçando, em paralelo que "cada dia ganho, é mais um dia de justiça, solidariedade e de paz".
"O meu voto é que daqui a um, quando nos encontrarmos, seja possível dizer que há mais paz do que guerra e não mais guerra do que paz. Que há mais justiça do que injustiça. Que há mais igualdade do que desigualdade. Que há mais ação climática do que inação climática. Mais reforma das Nações Unidas do que adiamento da reforma. Mais reforma das instituições económicas do que ignorância ou menorização dessa reforma", apelou o chefe de Estado.
"Se assim não for, continuaremos a ouvir sempre os mesmos, e tantos deles muito influentes, a prometerem e a não cumprirem - e perceberemos por que é que os povos acreditam cada vez menos naqueles que os governam", advertiu.
De notar que a 78.ª sessão da Assembleia Geral da ONU tem como tema 'Reconstruindo a confiança e reacendendo a solidariedade global: acelerando a ação na Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) rumo à paz, prosperidade, progresso e sustentabilidade para todas as pessoas'.
Marcelo Rebelo de Sousa foi o oitavo chefe de Estado a intervir neste primeiro dia do debate geral anual entre chefes de Estado e de Governo dos 193 Estados-membros da ONU.
O chefe de Estado chegou no domingo à noite aos Estados Unidos da América, onde ficará até sexta-feira.
[Notícia atualizada às 18h48]
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