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Viu uma ave a voar contra um vidro? Ajude a medir a dimensão desta ameaça

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) está a pedir a ajuda de todos os cidadãos para conseguir medir a dimensão do problema em Portugal.

Viu uma ave a voar contra um vidro? Ajude a medir a dimensão desta ameaça
Notícias ao Minuto

10:25 - 20/09/23 por Notícias ao Minuto

País Aves

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) quer medir a dimensão do problema das barreiras transparentes para as aves em Portugal.

Para isso, disponibilizou um formulário online que pode ser preenchido por qualquer pessoa que veja uma ave a "voar contra uma janela, barreira de acrílico, ou outra superfície transparente ou espelhada, ou encontrem uma ave morta ou atordoada que possa ter sido vítima deste tipo de colisão".

O objetivo é recolher informação para depois encontrar soluções para cada local crítico. 

Milhões de aves são vítimas desta ameaça todos os anos

"Estas colisões matam centenas de milhões de aves todos os anos, a nível mundial, e na SPEA temos vindo a receber cada vez mais mensagens de pessoas que encontram aves mortas ou feridas por embaterem neste tipo de estruturas. Com esta iniciativa, a organização pretende medir a dimensão desta ameaça em Portugal, identificar as espécies de aves mais afetadas e os locais e alturas do ano mais críticos, e encontrar, divulgar e implementar soluções", explica a Organização Não-Governamental (ONG) na sua página oficial.

De acordo com a SPEA, em Portugal "temos pouquíssimos dados concretos" sobre o assunto, contudo, nos últimos dois ou três anos, o número de pessoas a contactar a ONG sobre o assunto tem aumentado, à medida que têm surgido mais estruturas com barreiras transparentes, como é o caso dos campos de padel, nos espaços verdes das cidades.

"Por isso suspeitamos que o problema seja grave — como já se sabe que é noutros países — mas queremos perceber melhor o que se passa em Portugal: que tipos de aves são mais afetadas, se há períodos mais críticos, que tipo de estruturas são mais perigosas… Porque essa informação é crucial para se implementarem soluções eficazes", realça o técnico da SPEA Hany Alonso.

"Armadilhas letais"

Apesar de terem uma visão muito melhor que a dos humanos, as aves têm muita dificuldade em reconhecer o vidro e outras superfícies transparentes ou espelhadas como obstáculos físicos, por isso, o crescente interesse em modalidades desportivas realizadas no exterior, como o padel, assim como o crescimento urbano e a expansão de autoestradas, ferrovias e pontes, utilizam muitas vezes materiais que são verdadeiras "armadilhas letais para as aves".

"Com base em dados de países como Espanha, sabemos que estas barreiras põem em risco uma série de espécies, como gaviões e açores, que fazem voos muito rápidos, muitas vezes na periferia de parques florestais, por exemplo, ou melros e toutinegras que são comuns nas zonas urbanas e por isso têm maior probabilidade de se deparar com estas barreiras. Também sabemos que é uma ameaça para aves migradoras, que não conhecem bem estas zonas onde estão só de passagem, e por isso mais facilmente são 'enganadas' por estas barreiras", esclarece ainda Hany Alonso adiantando que "até para as aves noturnas como mochos e noitibós estas superfícies espelhadas criam uma armadilha visual, muitas vezes aumentada pela iluminação artificial".

Solução? "A prevenção é o melhor remédio"

Depois de identificar locais e situações particularmente perigosos para as aves, a SPEA pretende também dar a conhecer às diferentes entidades e pessoas que gerem esses edifícios ou infraestruturas quais as soluções que podem implementar para mitigar os impactos na avifauna.

"Uma solução eficaz para as janelas é uma película com um padrão de pontos, que permite que as aves vejam o vidro como um obstáculo. Funciona melhor do que as silhuetas de aves de rapina que às vezes vemos nos vidros, mas que estudos recentes mostram que nem sempre são eficazes", realça Hany Alonso.

Mas como em quase tudo, a prevenção é o melhor remédio: "Optar por barreiras opacas nas pontes e autoestradas, planear as infraestruturas para reduzir o impacto em zonas de maior sensibilidade… é também isso que queremos promover com esta iniciativa, e por isso pedimos a ajuda de todos", conclui o técnico.

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