Américo Aguiar quer "tolerância zero" para abusos sexuais

O novo bispo de Setúbal defendeu hoje que tem de haver "tolerância zero" por parte da Igreja Católica e da sociedade para com os abusos sexuais e "fazer de tudo" para que as vítimas sejam "acolhidas e acompanhadas".

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© Horacio Villalobos via Getty Images

Lusa
21/09/2023 14:17 ‧ 21/09/2023 por Lusa

País

Abusos sexuais

"A tolerância é mesmo e tem que ser mesmo zero. Tem que ser para a Igreja e tem que ser para toda a sociedade", assumiu Américo Aguiar em declarações aos jornalistas no Paço Episcopal do Porto onde, esta manhã, anunciou ter sido nomeado bispo de Setúbal.

O até agora bispo auxiliar de Lisboa entendeu que continuam a acontecer "demasiados casos de abusos sexuais" em Portugal, o que significa que ainda não se fez tudo para a tolerância zero.

"Ainda há corações e mentes que, porventura, por doença ou por maldade, continuam a não se converter", vincou.

Em matéria de abusos sexuais, Américo Aguiar disse que a Igreja Católica fez o seu trabalho "mais ou menos de boa vontade e de sorriso aberto" com sofrimento e dificuldades.

Mas, acrescentou, o sofrimento e as dificuldades que a Igreja Católica vive não se comparam com o sofrimento de uma vítima que seja.

"E, portanto, nada de confundir cenários. Nós temos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que os e as corajosas que tiveram a heroicidade de abrir o seu coração e partilhar esses momentos negros das suas vidas se sintam acolhidas, protegidas, amadas, cuidadas e acompanhadas", frisou.

Assumindo que o caminho "continua a fazer-se", referiu que o lugar da vítima em 2019 "não é exatamente o lugar da vítima hoje".

Dado que, ressalvou, o lugar da vítima hoje é de "prioridade e de importância total".

Segundo Américo Aguiar é necessário continuar a investir na prevenção destas situações e tratar as que existem do passado e aquelas que, infelizmente, surjam.

O Grupo VITA recebeu 48 denúncias de abusos sexuais contra crianças e adultos vulneráveis no seio da Igreja Católica portuguesa durante os primeiros três meses de funcionamento, revelou, no final de agosto, a coordenadora da plataforma.

Criado em abril, no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa, assume-se como uma estrutura isenta, autónoma e independente e visa acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica, numa lógica de intervenção sistémica.

O Grupo VITA surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.

Leia Também: Relatório denuncia mais de 1.000 casos de abuso na Igreja Católica suíça

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