Em declarações à Lusa, a cofundadora da Stand4Good, Mafalda Teixeira Bastos, fez hoje um "balanço muito positivo" do projeto lançado há cerca de três anos, em plena pandemia da Covid-19.
"Hoje em dia temos uma perceção muito mais reforçada da necessidade e pertinência de projetos desta natureza, que nascem sobretudo para combater o abandono escolar universitário", afirmou.
Desde o seu lançamento, a Stand4Good apoiou 43 estudantes da Universidade do Porto que concorreram à atribuição de uma bolsa de estudo da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), mas que a "perderam por valores irrisórios".
"Às vezes uma boa notícia como um pequeno aumento no ordenado do pai ou da mãe faz com que percam a bolsa. Temos estudantes em que o irmão começou a trabalhar, está no agregado familiar, e perderam a bolsa porque o irmão durante um ou dois meses teve um rendimento", observou, destacando que as necessidades sentidas aquando do lançamento do projeto "são cada vez maiores".
No ano letivo de 2021-2022, por exemplo, foram rejeitadas na Universidade do Porto 1.514 bolsas de estudo, por o rendimento dos agregados familiares ser superior ao estabelecido nos critérios.
Dos 43 estudantes apoiados, provenientes de 25 municípios portugueses, 37 são universitários e seis são recém-graduados, sendo que cinco destes jovens integram o mercado de trabalho e um frequenta, este ano letivo, o mestrado.
Dos estudantes universitários apoiados, 23 são deslocados e os restantes residem em concelhos vizinhos ao Porto, deslocando-se diariamente para a cidade.
Este ano letivo, o projeto estima apoiar mais oito estudantes universitários.
"Não temos nenhum critério de mérito, o nosso critério é a carência económica, mas eles têm de cumprir determinados créditos para o apoio da Stand4Good se renovar", esclareceu a responsável, acrescentando que a média dos estudantes apoiados rondou os 14 valores.
O projeto segmenta-se sobretudo em três eixos: bolsas de estudo, mentoria e empregabilidade.
"A Stand4Good tem este duplo objetivo: combater o abandono escolar no ensino superior e promover a empregabilidade de jovens. A última coisa que queremos é que eles façam parte das estatísticas de jovens desempregados no país", reforçou a responsável.
As bolsas de estudo têm um valor de 1.000 euros e permitem o pagamento da anuidade da propina, bem como apoiar outras necessidades educativas como passes de transporte, alimentação e material escolar, despesas que têm de ser comprovadas.
No âmbito do programa de mentoria os estudantes são acompanhados ao longo de todo o ano letivo por um profissional de uma empresa parceira ao projeto na sua área de formação.
Já o programa de empregabilidade permite aos estudantes conhecerem a "diversidade das saídas profissionais" da sua área de formação, através de estágios ou de passagens diárias ou semanais por empresas, bem como construir uma rede de contactos.
Atualmente, o projeto conta com mais de 50 parceiros, tanto financeiros, que apoiam regularmente a associação, como parceiros 'pro bono'.
"É um desafio todos os anos, mas temos tido a sorte de, não só os parceiros se manterem, como muitas vezes reforçarem o apoio para conseguirmos chegar a mais estudantes", acrescentou Mafalda Teixeira Bastos.
A Stand4Good foi lançada em 8 de outubro de 2020, fruto de uma parceira com a Universidade do Porto.
Na quarta-feira, a associação promove um concerto solidário, com Frederico Afonso a estrear-se às 21:00 na Sala Suggia, da Casa da Música, no Porto, que tem como convidados Miguel Araújo e António Zambujo.
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