Muitos defendem que a saúde mental é o parente pobre da medicina em Portugal. Contudo, o valor das consultas na área é, na maioria dos casos, apenas para ricos. É tão avultado que chega a ser impeditivo a grande parte das carteiras dos portugueses ou de quem trabalha no nosso país.
De forma a tornar a saúde mental mais acessível a todos e "mostrar às pessoas e ao sistema de saúde mental que é possível criar soluções inovadoras quer na acessibilidade, quer na metodologia na abordagem da doença e saúde mental" , o Manicómio criou, em 2019, o projeto 'Consultas sem Paredes', que disponibiliza "consultas de psiquiatria, psicologia, terapia e afins em espaços inesperados" por 35 euros.
Ao contrário do que acontece nos hospitais públicos e privados, no 'Consultas sem Paredes' não existe lista de espera. A marcação é feita de forma simples através dos emails: consultas.beato@manicomio.pt; consultas.maat@manicomio.pt; consultas.cascais@manicomio.pt
Na praia, no jardim, onde desejar e se sentir mais seguro
As 'Consultas sem Paredes' funcionam como ir a qualquer outro local para ter uma consulta de psiquiatria ou psicologia. Pode ter apenas uma consulta, ou ter, por exemplo, visitas semanais.
A principal diferença (além do preço) é que as consultas funcionam em espaços "diferentes, bonitos, especiais e em si terapêuticos".
"Não utilizamos gabinete e as consultas são dadas em espaços recatados, escolhidos pela pessoa e pelo técnico, garantindo total privacidade", lê-se no site do Manicómio, um projeto que começou por ser de apenas arte, localizado no Hospital Psiquiátrico de Lisboa.
Para quem são as consultas?
"Para toda a gente!" salientam os fundadores da iniciativa. Dependendo das valências de cada núcleo, há especialistas em infância, falantes de outros idiomas, etc.
"As nossas consultas são a um preço baixo para garantir que pessoas com menos recursos económicos para ir ao privado possam ter acesso a serviços de saúde mental. A prioridade das consultas é para este público", explicam no site dedicado às 'Consultas sem Paredes'.
Depois de enviar um e-mail a pedir o agendamento de uma consulta, será contactado para "uma conversa inicial" onde será "introduzido" ao técnico de saúde mental indicado à sua situação.
A partir daí toda a comunicação será feita diretamente com este.
As 'Consultas sem Paredes' já chegaram a diferentes zonas da Grande Lisboa, como por exemplo ao MAAT, a Cascais e, mais recentemente, ao Beato, onde os moradores desta freguesia lisboeta vão poder receber consultas com profissionais a preços ainda mais reduzidos (25 euros).
Já foram feitas mais de duas mil consultas neste modelo e, até ao final do ano, o Manicómio pretende criar três novos núcleos.
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