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PR da Guiné-Bissau acusado de usar Portugal para "diplomacia agressiva"

A visita de Estado a Portugal do Presidente da República da Guiné-Bissau, que arranca terça-feira, é vista por alguns ativistas como uma estratégia de "diplomacia agressiva" de Umaro Sissoco Embaló para dissolver a Assembleia da República guineense.

PR da Guiné-Bissau acusado de usar Portugal para "diplomacia agressiva"
Notícias ao Minuto

12:45 - 23/10/23 por Lusa

País Sumaila Djaló

Sumaila Djaló, estudante guineense em Portugal e ativista, disse à Lusa que esta visita é mais uma tentativa de Sissoco Embalo "usar o Estado português para aplicar uma estratégia populista, no âmbito de uma diplomacia agressiva".

Sissoco, acusa o ativista, "está a criar uma falsa crise política para instituir no poder os seus aliados e a procurar na comunidade internacional quem o ajude".

"Perante a derrota da (sua) família política nas últimas eleições legislativas, Umaro Sissoco Embalo está interessado em instituir uma ditadura e, para isso, quer inventar uma crise política, dissolver a Assembleia da República e colocar no poder os partidos da sua confiança", disse.

E acrescentou: "É neste quadro que vem a Portugal, em mais uma visita que não terá na manga nenhum interesse da Guiné-Bissau, mas para sustentar o seu populismo, na tentativa de distrair os guineenses e os países parceiros internacionais, face à situação real da Guiné-Bissau".

Para Sumaila Djaló, "as relações entre os dois Estados não justificam o silenciamento dos atos que Sissoco tem cometido contra a democracia na Guiné-Bissau".

"Portugal afirma-se como um Estado de direito e há exemplos de posicionamentos de Portugal face a agressões dos direitos humanos. Mas neste caso assiste-se a uma cumplicidade do Presidente da República e do primeiro-ministro [de Portugal] face a um ditador que quer eliminar todas as liberdades democráticas", acusou.

Quando Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa "recebem esse ditador e não afirmam publicamente a sua posição em relação aos atentados contra a democracia" de que ele é responsável "estão a dizer que estão de acordo com (esses) atos antidemocracia".

"Portugal, enquanto Estado democrático, e mesmo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), prezam pelas liberdades democráticas e os direitos humanos, valores que Sissoco contraria todos os dias com a sua prática enquanto Presidente da República", prosseguiu.

O ativista disse esperar ter oportunidade de transmitir ao chefe de Estado guineense estas ideias que tem sobre a sua atuação durante a visita de Sissoco a Portugal.

Depois da visita do Presidente guineense a Portugal, no próximo mês estarão na capital guineense o Presidente e o primeiro-ministro portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, respetivamente, como convidados para as comemorações oficiais dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau, marcadas para 16 de novembro.

Vários estudantes e trabalhadores guineenses em Portugal, reunidos no movimento Firkidja di Púbis, escreveram uma carta Presidente da República, ao presidente da Assembleia da República e ao primeiro-ministro portugueses, a manifestar a sua "profunda indignação perante o apoio que o Estado português tem prestado a Umaro Sissoco Embaló".

Os autores afirmaram que "os trabalhadores, estudantes e o povo guineense estão atentos e repudiam" a "cumplicidade" do Presidente da República e primeiro-ministro portugueses "com o líder de um projeto político absolutista e antidemocrático, na concretização da sua agenda populista, que intitula de ´diplomacia agressiva`, visando unicamente distrair os guineenses e os parceiros internacionais" da Guiné-Bissau "dos seus intentos de inviabilização de um quadro governativo estável e democrático".

A visita de Estado a Portugal do Presidente da República da Guiné-Bissau é feita a convite do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Segundo uma nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros português, Umaro Sissoco Embalo será terça-feira recebido com honras militares na Praça do Império, em Lisboa, seguindo depois para o Mosteiro dos Jerónimos, onde depositará uma coroa de flores no túmulo de Luís de Camões.

Segue para o Palácio de Belém, onde será recebido por Marcelo Rebelo de Sousa, e mais tarde por António Costa, na residência oficial do primeiro-ministro português.

À tarde, Sissoco participará numa receção em sua honra no Diwan Ismaili Imamat e, à noite, terá um jantar oficial oferecido pelo Presidente da República português no Palácio da Cidadela.

Da agenda de quarta-feira consta um encontro com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, seguido de um encontro com os embaixadores da CPLP e uma reunião de trabalho na sede da organização lusófona.

Na quinta-feira, Umaro Sissoco Embalo é recebido na Assembleia da República com honras militares e manterá um encontro do Augusto Santos Silva, presidente do Parlamento.

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