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Costa afirma que Marcelo sabia quando falou com Centeno para ser PM

O primeiro-ministro afirmou hoje que falou com o governador do Banco Portugal, Mário Centeno, para a possibilidade de lhe suceder como líder de um novo executivo, sem eleições antecipadas, com o conhecimento do Presidente da República.

Costa afirma que Marcelo sabia quando falou com Centeno para ser PM
Notícias ao Minuto

21:27 - 11/11/23 por Lusa

País António Costa

António Costa falava aos jornalistas em São Bento, em conferência de imprensa, depois de questionado sobre qual a base que teve para sondar Mário Centeno sobre a possibilidade de chefiar um Governo socialista, depois de ele próprio já ter apresentado ao chefe de Estado a sua demissão das funções de primeiro-ministro.

O líder do executivo observou que Mário Centeno só daria uma resposta definitiva sobre a sua disponibilidade para lhe suceder na liderança do executivo após "uma conversa definitiva" que o governador do Banco de Portugal iria ter com Marcelo Rebelo de Sousa e uma decisão dos órgãos de direção do PS, partido que ainda tem maioria absoluta no parlamento.

Já sobre os motivos desta diligência, António Costa justificou: "A minha preocupação era habilitar o Presidente da República com uma alternativa a colocar o país, a três anos do fim de uma legislatura, a dissolver um parlamento e a irmos de novo para um processo eleitoral."

"O mundo vive um quadro de inúmeras incertezas, conflitos, situação económica. Entendi que havia a necessidade de encontrar alternativas que evitassem dissolução da Assembleia da República. Por isso, falei ao senhor Presidente da República e agi com conhecimento do senhor Presidente da República", acentuou.

O primeiro-ministro defendeu que Mário Centeno, que foi seu ministro das Finanças preenchia "três requisitos da maior importância: Tem sólida experiência governativa; merece o respeito e a consideração e a admiração da generalidade dos portugueses; e tem reconhecimento e credibilidade internacional".

"E esse é um fator essencial quando nesta semana a notícia de que o primeiro-ministro de Portugal se demitiu associado a um caso de corrupção fez primeira página em muitos jornais estrangeiros", frisou.

António Costa manteve a sua tese de que era importante Portugal "ter rapidamente um primeiro-ministro com grande reconhecimento internacional, grande credibilidade internacional, que foi presidente do Eurogrupo".

"Portanto, uma mensagem para o mundo de que Portugal tinha encontrado uma solução governativa de probidade, respeito, consideração e de elevada competência", insistiu.

Ainda sobre se tinha a diligência que teve junto do governador do Banco de Portugal, António Costa indicou que, quando apresentou a proposta para que ele o substituísse na liderança do executivo, "conhecia que o professor Mário Centeno só daria uma resposta definitiva, naturalmente, depois de falar com o Presidente da República, depois de conhecer as condições de governabilidade que tinha, e depois, desde logo, de saber se a Comissão Política do PS também corresponderia".

"Mas o diálogo com o Presidente da República seria obviamente essencial. É sabido que o Presidente da República fez outra opção e, portanto, essas conversas não prosseguiram. Nunca houve uma resposta definitiva, naturalmente, por parte do professor Mário Centeno", reforçou.

Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.

António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.

O Ministério Público (MP) considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação, que contém várias outras referências a António Costa.

No dia da demissão, Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável".

De acordo com o MP, no processo dos negócios do lítio, hidrogénio verde e do centro de dados em Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.

[Notícia atualizada às 22h17]

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