Suspeito de burlas "olá pai, olá mãe" fica em prisão preventiva
O homem suspeito do crime de burla qualificada através do WhatsApp, usando as expressões "olá pai, olá mãe", ficou hoje em prisão preventiva, afirmou à agência Lusa fonte da Polícia Judiciária (PJ).
© Lusa
País Justiça
Presente a primeiro interrogatório judicial ao arguido, de 41 anos, o juiz de instrução criminal aplicou a medida de coação mais gravosa, a prisão preventiva.
Na sexta-feira, em comunicado, a PJ referiu que, através do seu Departamento de Investigação Criminal de Leiria, "foi dado cumprimento a um mandado de busca domiciliária e detido, em flagrante delito, um cidadão estrangeiro, pela prática do crime de burla qualificada".
"Foram apreendidos sete 'modems' que acoplavam 32 cartões SIM por aparelho, significando que operavam 224 cartões em simultâneo. Esta operabilidade permitia a remessa/receção de mensagens, originando que num dia pudessem ser enviados milhares de mensagens, com os argumentos conhecidos por 'olá pai, olá mãe'", esclareceu a PJ.
Segundo a PJ, "o suspeito interagia com terceiros, em rede, podendo efetuar esquemas do género no território nacional, bem como noutros países", adiantando que "a investigação identificou o uso massivo de cartões, concretizável no facto de terem sido apreendidos milhares de cartões, mais de sete mil cartões por utilizar e mais de mil e quinhentos já utilizados em práticas delituosas".
No comunicado, a PJ revelou que, "no seguimento de uma denúncia, iniciou investigação, titulada pelo Ministério Público de Leiria, tendo por base o fenómeno conhecido" por expressões "olá pai, olá mãe", burla que está "em crescendo, com vítimas por todo o território nacional e, também, muito disseminado noutros países europeus".
"As vítimas, muitas delas pessoas de idade avançada, acreditando que estavam a falar com os filhos e que estes se encontram em dificuldades financeiras e/ou a necessitar de concretizar pagamentos urgentes, dispunham-se, de imediato, a efetuar uma transferência/pagamento cujos valores variavam, mas que, nalguns casos, ascenderam a milhares de euros", lê-se no comunicado.
Na área do Departamento de Investigação Criminal de Leiria, "este tipo de burla supera as 200 denúncias, com valores que, no total, ultrapassam os 100 mil euros".
Este departamento tem como área de intervenção 24 concelhos distribuídos pelos distritos de Leiria e Santarém.
"Em termos investigatórios, foram estabelecidas coincidências entre inquéritos e notou-se um uso, bastante acentuado, de números de telemóveis, irrepetíveis, de operadoras nacionais, para a prática deste tipo de ilícito", o que desencadeou "alertas e obrigou ao recurso a meios especiais de obtenção de prova", acrescentou a PJ.
O comunicado assinalou que "existiam, à data, muitas dúvidas sobre a forma de atuação e como conseguiam efetuar tantos pedidos de dinheiro, via plataforma WhatsApp, para depois alcançarem os seus intentos, um enriquecimento indevido e ilícito", mas, "após várias diligências", o suspeito foi detido.
Fonte da PJ disse na sexta-feira à Lusa que "estão identificadas nos presentes autos seis burlas", mas já tem identificado "um número muito mais elevado de burlas que podem ter sido cometidas por este suspeito", detido em Lisboa.
"A investigação iniciou em setembro, mas a atividade do suspeito começou meses antes", declarou a mesma fonte, destacando que este, sem antecedentes criminais no país, dedicava-se, de forma "plena e absoluta, à atividade criminosa".
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