O ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, considerou esta sexta-feira que "vivemos um momento que é potencialmente histórico". O ministro, que esteve reunido com o seu homólogo palestiniano e com o primeiro-ministro da Palestina, disse sair desta reunião "com um sentimento reforçado da urgência do momento".
Em declarações aos jornalistas na Cisjordânia, Cravinho lamentou a perda de vidas palestinianos e revelou que teve oportunidade de transmitir as suas condolências, tanto às autoridades palestinianas como às autoridades israelitas, pelas mortes resultantes deste conflito que escalou desde o ataque do Hamas a 7 de outubro.
"Temos um momento que é potencialmente histórico. Temos 75 anos de crise e conflito no Médio Oriente e temos hoje, apesar das circunstâncias serem trágicas, uma convergência muito forte internacional em torno da ideia de que é necessário mobilizar todos os esforços para chegarmos ao único ponto de chegada que todos sabemos que é o necessário, que é a solução de Dois Estados", continuou o ministro.
Cravinho alertou que, nos próximos tempos, "haverá outras dinâmicas internacionais", correndo-se o risco de se perder "esta oportunidade única", pelo que os esforços deverão intensificar-se nas próximas semanas e "nos próximos meses".
"O primeiro-ministro palestiniano também manifestou grande preocupação em relação àquilo que considera ser pressão israelita para que a população palestiniana saia de Gaza. A nossa posição, portuguesa mas também da União Europeia, é muito clara: a população de Gaza deve ter condições para ficar em Gaza", realçou o ministro, afirmando que "este momento não deve servir para qualquer relocalização da população".
Cravinho garantiu que Portugal quer "prosseguir o diálogo com Israel, que é uma parte central da atual situação".
Governo desconhece se há portugueses no grupo de reféns libertados
O Governo português disse hoje desconhecer se há algum cidadão português entre os 50 reféns do grupo islamita palestiniano Hamas que deverão ser libertados no âmbito da trégua de quatro dias acordada com Israel.
"Temos vários reféns que têm nacionalidade portuguesa. (...) Queremos a libertação incondicional de todos os reféns, mas é evidente que nos interessamos muito em particular por aqueles que têm nacionalidade portuguesa. Cada caso é um caso, cada um tem especificidades diferentes, mas interessamo-nos por todos. Estamos a interceder também junto da Cruz Vermelha e vamos trabalhar com autoridades de outros países que possam ter alguma influência para que sejam libertados estes reféns cidadãos portugueses e também todos os outros", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, citado pela Lusa, após um encontro com familiares de reféns, em Telavive, o último ponto da sua visita a Israel.
"Sabemos que há um conjunto de critérios que foram estabelecidos e não sabemos se haverá algum cidadão português contemplado dentro destes 50. Temos expectativas que todos os portugueses sejam libertados, mas naturalmente que, olhando para as características identificadas, só haverá eventualmente uma pessoa que pode vir a ser libertada durante os próximos dias. Não temos ainda nenhuma garantia quanto a isso", acrescentou.
Segundo o acordado entre o Hamas e Israel, será dada prioridade a mulheres e menores na libertação de reféns.
O ministro português destacou a "enorme coragem" dos familiares de reféns, alguns dos quais também vivem um período de luto por terem tido familiares mortos.
"Disse-lhes que tudo faríamos, naturalmente, para promover a libertação desses reféns", salientou.
Leia Também: Gomes Cravinho em Israel e Palestina num momento de "alguma esperança"