O primeiro-ministro em gestão, António Costa, mostrou-se "perplexo" com a intervenção da vice-presidente da bancada do Partido Social Democrata (PSD), Catarina Rocha Ferreira, tendo salientando, no debate preparatório do Conselho Europeu, que "este ciclo político pode ter começado com a derrota do Partido Socialista (PS), mas vai seguramente prosseguir com uma vitória".
"Se houve coisa que estes anos de governação demonstraram foi derrota em toda a linha da Direita e a sua visão sobre a Europa", disse, durante uma intervenção no seu último plenário.
E concretizou: "A visão da Europa da austeridade foi esmagada por esta ação governativa, que demonstrou que era possível aumentar salários sem vir o diabo, aumentar pensões sem haver ruturas nas finanças públicas, desenvolver o estado social tendo finanças públicas equilibradas e a dívida a reduzir."
Atirando que a receita da Direita "foi um fracasso", Costa considerou ainda que "a alternativa da Esquerda foi claramente vitoriosa na gestão da relação com a Europa".
Na ótica do chefe do Governo, "a atitude de Portugal com a Europa mudou" com a sua governação, uma vez que o país deixou "de estar de joelhos e com posição subserviente e passou a ter uma posição construtiva".
"No seio da Europa, a nossa voz é ouvida e respeitada. […] Este ciclo político pode ter começado com uma derrota do PS, mas vai seguramente prosseguir com vitória do PS no próximo dia 10 de março", rematou.
Sublinhe-se que, na sua intervenção, Catarina Rocha Ferreira despediu-se "desta era socialista", que começou "com uma derrota do PS" e deu origem à ‘geringonça’.
A deputada apontou ainda que a maioria absoluta do PS "não faz esquecer os momentos" em que os socialistas tiveram o apoio parlamentar de PCP e BE, "partidos que são contra a construção europeia e o projeto europeu".
"Quer na forma como começam, quer na forma como acabam, não há grandes motivos para orgulho", disse, apelando a "uma maioria do PSD" para a defesa da Europa.
António Costa apresentou a sua demissão ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a 7 de novembro, devido a uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio, que levou o Ministério Público a instaurar um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça que o visa.
O chefe de Estado aceitou de imediato a demissão do primeiro-ministro e formalizou a demissão do Governo na passada quinta-feira, dia 7 de dezembro, com efeitos a partir de dia 8. Por seu turno, apontou a dissolução do Parlamento para 15 de janeiro, no contexto das eleições legislativas antecipadas, marcadas para 10 de março.
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