António Costa falava em entrevista à TVI, depois de ter sido interrogado sobre como encara a recente decisão tomada pelo presidente do PSD, Luís Montenegro, de criar um grupo de trabalho interno para estudar a questão da localização do novo aeroporto de Lisboa já depois de a Comissão Técnica Independente (CTI) ter divulgado o seu relatório preliminar.
"A questão do aeroporto é o grande teste à credibilidade do PPD/PSD", disse, referindo depois o acordo a que chegou com Luís Montenegro para constituir uma CTI sem qualquer elemento nomeado pelo Governo, ou pelos sociais-democratas, para dar solidez científica à futura decisão política.
Mais à frente, na mesma entrevista, António Costa foi questionado sobre o que poderá levá-lo a arrepender-se mais em relação aos oito anos em que exerceu as funções de primeiro-ministro. Voltou, então, à questão de uma decisão sobre o futuro aeroporto de Lisboa.
"Olhe, enfim, se o PSD não honrar o compromisso que tem. Diria que foi o ter confiado que podíamos trabalhar em conjunto para ter uma decisão de consenso sobre uma infraestrutura fundamental para o país como é o futuro aeroporto", declarou.
Neste ponto, o primeiro-ministro repetiu que o antigo Presidente da República Cavaco Silva chegou a dar consenso para a construção de um aeroporto em Alcochete, tal como agora propõe a CTI, mas que essa solução foi abandonada pelo executivo de Passos Coelho, que passou a defender a Portela mais o Montijo.
Para não atrasar mais esta questão, António Costa referiu que, mesmo com críticas dentro do PS, decidiu manter a opção que vinha de Passos Coelho, que, depois, acabou por não merecer o consenso do ex-presidente do PSD Rui Rio.
"Mesmo com maioria absoluta do PS no parlamento, entendi procurar uma solução de consenso com o presidente do PSD. Trabalhámos numa solução confortável. E não conheço forma mais independente de formar uma comissão técnica", acrescentou.
Na entrevista, António Costa manteve a sua ideia de privatizar mais de 50% da TAP, mas observou que o Presidente da República vetou esse decreto do Governo e que já não há condições políticas para retomar a questão.
Na economia, defendeu que os empresários nacionais têm de fazer mais para serem competitivos nas contratações, sugerindo mesmo "um choque salarial para os mais jovens".
Confrontado com o facto de não ter conseguido um acordo com os professores, contrapôs que, nos últimos anos, "e num número por baixo, mais de 80%" dos docentes "subiram dois escalões desde que um dos seus governos descongelou os escalões.
Já sobre os mais recentes resultados do PISA, começou por argumentar que a descida verificada em Portugal está em linha com a generalidade dos países da OCDE, que essa quebra se deveu a dois anos letivos marcados pela covid-19, mas admitiu que há muito mais para se fazer na recuperação das aprendizagens.
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