O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi perentório, esta quinta-feira, quando questionado se tinha algum preferido entre os candidatos à corrida para o cargo de secretário-geral do Partido Socialista (PS): "O meu preferido era António Costa".
Em Alcoitão, concelho de Cascais, o chefe de Estado voltou a ser abordado, de seguida, sobre se, perante essa preferência, estava arrependido de ter dissolvido o Parlamento, ao que o levou a frisar: "Não fui eu que tomei a decisão de sair, foi António Costa".
"Considera que a sua decisão foi errada?", voltou a questionar a jornalista. "A minha decisão não, a de António Costa. Ele é que me comunicou que se ia embora, não fui eu que lhe disse 'olhe, vá-se embora'", respondeu Marcelo, sobre o (ainda) primeiro-ministro do Governo em gestão.
Dado que cabe ao Presidente da República a palavra final na dissolução do Parlamento e perante essa opinião, Marcelo voltou a ser questionado pelo motivo da sua decisão, ao que argumentou: "Como é que se dissuade uma pessoa que tem uma convicção muito profunda, muito profunda, que aquilo é a única saída correta na sua vida? É impossível".
"Ele tomou essa decisão, a decisão que eu tomei a seguir foi uma consequência da decisão dele", acrescentou ainda.
Já sobre as palavras do presidente do CES, Francisco Assis, de que António Costa "seria muito útil" no Conselho Europeu, Marcelo afirmou: "Não tenho uma dúvida". "O primeiro-ministro tem um prestígio europeu excecional e, falando com vários elementos políticos europeus, é evidente que ele tem condições para ser presidente do Conselho Europeu, assim que ele entenda que tem as condições internas".
Abordado ainda sobre uma possível candidatura de António Costa a Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa retorquiu: "Tem de perguntar ao doutor António Costa, ele é que tem de escolher o futuro, tendo vários possíveis futuros. Eu não, eu tenho de gerir este futuro imediato de cerca de dois anos".
"Estão-me a perguntar: e depois dos dois anos, ele seria um bom candidato presidencial? Eu digo: sim, se entretanto não estiver presidente do Conselho Europeu. Se estiver presidente do Conselho Europeu, não pode ser as duas coisas ao mesmo tempo", completou.
Recorde-se que após a demissão de Costa, a 7 de novembro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou que Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público (MP) no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
[Notícia atualizada às 15h30]
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