Costa ou Ministério Público? "Estamos para ver quem fez má figura"

O antigo primeiro-ministro José Sócrates disse, esta terça-feira, que irá "repor a verdade dos factos e testemunhar em favor do Dr. Manuel Pinho", no dia em que foi chamado a testemunhar no âmbito do Caso EDP.

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© Mário Vasa / Global Imagens

Notícias ao Minuto com Lusa
19/12/2023 13:33 ‧ 19/12/2023 por Notícias ao Minuto com Lusa

País

José Sócrates

O antigo primeiro-ministro José Sócrates não se alongou, esta terça-feira, em resposta às críticas que o seu sucessor, o social-democrata Pedro Passos Coelho, teceu desde o Campus da Justiça, neste dia em que ambos foram chamados a testemunhar no âmbito do Caso EDP.

Passos Coelho, recorde-se, considerou esta manhã de terça-feira que o primeiro-ministro, António Costa, foi obrigado a demitir-se por "indecente e má figura", apelando à atribuição de "responsabilidades graves" ao Governo cessante por causa da crise que o país atravessa.

Aos jornalistas, à chegada ao Campus da Justiça, José Sócrates retorquiu: "Poupe-me ao ataque político disfarçado de reflexão. Isso não tem nada a ver com análise, trata-se de um ataque político. Com franqueza, estamos para ver quem fez má figura. Se foi o primeiro-ministro, se foi o Ministério Público, se foi a Oposição, mas daqui a uns meses veremos".

Nas mesmas declarações, Sócrates garantiu que, em tribunal, nesta terça-feira, irá "repor a verdade dos factos e testemunhar em favor do Dr. Manuel Pinho". "A verdade é que nunca o meu Governo, nem o Dr. Manuel Pinho, favoreceu o grupo Espírito Santo de nenhuma forma, nunca houve nenhum benefício ilegítimo", garantiu.

Mais, assegurou que essa acusação se trata de "um relato que tem sido repetido pelo Ministério Público ao longo de 12 anos, criando um embuste enorme que não tem nenhum tipo de sustentação".

"Falhanço do processo Marquês deve-se à inocência das pessoas"

Ainda em declarações aos jornalistas, enquanto aguardava a abertura das portas do tribunal, José Sócrates falou sobre a Operação Marquês, e sobre a possibilidade de alguns dos crimes de que é acusado acabarem por prescrever.

"Essa conversa da prescrição é conversa do Ministério Público. Tem uma última tentativa que é a tentativa das prescrições, que é dizer 'Sim, perdemos, mas foi na secretaria'. Isso nada tem a ver com prescrições", considerou o antigo primeiro-ministro socialista, argumentando que "o falhanço do processo Marquês deve-se à inocência das pessoas, não se deve a prescrições nenhumas".

De seguida, Sócrates fez as contas e afirmou que "dos 10 anos do Processo Marquês, nove são da inteira responsabilidade do Estado", recordando que, em 2017, apresentou "um processo contra o Estado justamente pelo facto de nem arquivar nem acusar".

Os antigos primeiros-ministros José Manuel Durão Barroso, José Sócrates e Pedro Passos Coelho foram chamados a testemunhar, esta terça-feira, no âmbito do julgamento do caso EDP. O julgamento prossegue no Juízo Central Criminal de Lisboa, com a audição dos três antigos governantes agendada para a sessão de hoje, entre outras testemunhas.

De acordo com o semanário Expresso, Pedro Passos Coelho foi notificado na segunda-feira por WhatsApp para depor no julgamento, cuja sessão decorre esta terça-feira de manhã.

José Sócrates já se sentiu forçado a prestar declarações no âmbito deste processo, mas fora da sala do tribunal, desmentindo em comunicado as declarações de José Maria Ricciardi, antigo presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI). 

Quando foi ouvido em tribunal José Maria Ricciardi afirmou que foi o ex-banqueiro do BES e também arguido no processo, Ricardo Salgado, que influenciou o antigo primeiro-ministro a levar Manuel Pinho para o seu Governo em 2005.

Ouvido como testemunha do julgamento do Caso EDP, o antigo administrador do BES José Maria Ricciardi revelou que Salgado lhe disse que tinha estado na origem da ida de Pinho para o executivo, assegurando que o ex-presidente do GES tinha "uma relação íntima" com Sócrates.

"Mais tarde comunicou-me pessoalmente a mim que ele, Ricardo Salgado, tinha tido interferência na ida dele [Manuel Pinho] para o Governo", disse Ricciardi, primo de Ricardo Salgado, acrescentando que "[Quem exerceu influência] foi Ricardo Salgado sobre o [então] primeiro-ministro, José Sócrates... Para ministro da Economia".

Sócrates acusou Ricciardi de mentir e "repetir a mesma patranha" de que Ricardo Salgado o influenciou a convidar Manuel Pinho para ministro da Economia.

Numa declaração à agência Lusa, Sócrates alegou que foi o atual primeiro-ministro, António Costa, quem lhe apresentou Manuel Pinho, antes de ter ganho as eleições, pelo PS, em 2005.

[Notícia atualizada às 14h05]

Leia Também: Caso EDP? Era preciso ser "génio político" para "antever" PS no Governo

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