O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), António Nunes, afirmou, esta segunda-feira, que foi aprovada a aplicação de taxas aos hospitais pela retenção das macas de ambulâncias nas urgências, a partir de quarta-feira, se não for apresentada "uma solução credível" pela direção executiva do Serviço Nacional.
"Tomámos a decisão, por unanimidade e aclamação, que a partir de quarta-feira, dia 10, vamos passar a solicitar aos hospitais que façam o ressarcimento das despesas que os bombeiros estão a ter pela imobilização das suas ambulâncias, das suas macas e dos seus bombeiros nas urgências hospitalares", explicou, em declarações aos jornalistas, depois da reunião da LBP, realizada em Gouveia, no distrito da Guarda.
A decisão foi que "por cada duas horas, após a primeira hora (grátis) - num bloco de 2 horas - serão cobrados 50 euros". "No segundo bloco de duas horas, 100 euros. No terceiro bloco de dias, 150 euros. E, depois, 150 euros a cada duas horas além dessas", adiantou.
Segundo o presidente da LPB, a cobrança de taxas "não vai resolver o problema mas vai minimizar o problema para o lado dos bombeiros porque os bombeiros estão a ter despesas adicionais que não estão contempladas em nenhum protocolo nem com o Ministério da Saúde nem com ninguém".
"Nós temos que garantir que há um ressarcimento das despesas. Os bombeiros não querem ganhar dinheiro com as urgências, os bombeiros não querem sair prejudicados com as urgências", acrescentou.
Antunes Nunes salientou ainda que ao final de uma hora "não há razão nenhuma para não ser devolvida a maca e a ambulância esteja parada no estacionamento à espera da maca".
Questionado sobre qual vai ser a reação caso os hospitais não paguem, o presidente da LPB afirmou: "Se os hospitais não pagarem, a medida seguinte é não retirar do hospital os doentes que têm alta".
"Certamente o hospital vai pensar duas vezes. Por exemplo na semana passada em Coimbra houve cerca de 18 ambulâncias paradas durante mais de 20 horas", realçou o dirigente.
O presidente da Liga reconheceu que "sempre houve retenções das macas", mas o problema já tinha sido levantado.
"Já tínhamos levantado este problema. Uma das hipóteses era obrigar os hospitais a pagar estas despesas adicionais que ninguém nos paga. Para tentar forçar as administrações a encontrar uma solução", afirmou António Nunes.
O dirigente salienta que a situação "é muito complicada para as associações humanitárias e está "a criar três tipos de problemas aos bombeiros".
"Um problema de gestão de pessoal, de gestão de meios e viaturas e agudizar o socorro às comunidades. Estamos em Gouveia, se as ambulâncias saírem daqui e não houver ambulância tem de vir outras ambulâncias vizinhas, se estiverem disponíveis", disse.
António Nunes sublinhou ainda que "as ambulâncias são oferecidas pelas comunidades para servir as populações".
Recorde-se que centenas de doentes têm ficado à espera de atendimento nas urgências em macas dos bombeiros ou até mesmo dentro das ambulâncias, o que impede a utilização das viaturas de socorro para outros episódios de urgência.
Nesse sentido, a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) decidiu que as corporações vão passar a cobrar uma taxa aos hospitais que retenham macas de ambulâncias, uma penalização que pode chegar aos 300 euros por sete horas.
[Notícia atualizada às 19h41]
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