Crise na GMG é "uma tragédia". "Queremos ser informados pelo Instagram?"

O autarca do Porto Rui Moreira defendeu a intervenção dos municípios em órgãos de comunicação social, assim como referiu que mais do que "cuidados paliativos" é preciso olhar para a situação a fundo.

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Teresa Banha
10/01/2024 16:39 ‧ 10/01/2024 por Teresa Banha

País

GMG

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, defendeu, esta quarta-feira, o futuro da Global Media Group (GMG), sublinhou a importância de títulos como o Jornal de Notícias (JN) para a cidade, e defendeu também a intervenção direta dos municípios em grupos de comunicação social.

“O desaparecimento destes órgãos de comunicação social é uma tragédia. É uma tragédia para o país, para o Norte e, neste caso específico, para o Porto – porque o JN não é um jornal qualquer. O JN não pode ser perdido”, defendeu, em declarações aos jornalistas junto à autarquia, onde uma manifestação acontecia.

Sublinhando que olha para esta crise com “preocupação” e “sentido de responsabilidade”, o autarca apontou que mais do que "cuidados paliativos" era necessário olhar a fundo para a situação.

“Queremos ou não queremos ter comunicação social? Queremos ser informados através do quê? Do Instagram? Do Facebook? É isso que nós queremos?”, questionou.

O autarca defendeu que a nacionalização da empresa não lhe parecia viável, mas que era preciso que os municípios “possam no futuro intervir e participar, porque não com posições minoritárias nos jornais”.

Note-se que em 6 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva do GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".

Os trabalhadores não receberam o salário de dezembro, nem o subsídio de Natal que, segundo a administração, será pago em duodécimos durante este ano, o que viola a lei.

O grupo anunciou também o fim das prestações de serviços a partir de janeiro, num aviso com poucas horas de antecedência.

Já esta quarta-feira, os trabalhadores concentram-se no Porto a partir das 9h30 junto à atual sede do Jornal de Notícias, e, a partir das 14h00, junto à histórica e simbólica sede do JN, coincidindo este momento com uma hora de solidariedade proposta pelo SJ a todos os jornalistas do país, para "demonstrar a importância do jornalismo na sociedade".

De seguida, os trabalhadores seguiram para a praça General Humberto Delgado, onde se concentraram em frente ao edifício da Câmara Municipal do Porto.

Já em Lisboa, os trabalhadores concentram-se desde as 9 horas na escadaria da Assembleia da República, enquanto o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, com a tutela da Comunicação Social, prestava esclarecimentos na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.

Leia Também: Crise na Global Media leva a protesto junto ao Parlamento. As imagens

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