Numa carta enviada ao presidente do conselho de administração, Marco Galinha, e ao presidente da comissão executiva, José Paulo Fafe, o até agora responsável pela área financeira invocou "justa causa" para deixar o GMG e assumiu a sua "profunda mágoa e consternação", justificando a saída com as "condições e projeto que estiveram na base do convite (...) não estarem a ser de todo cumpridas".
"Não posso admitir que o meu nome seja arrastado para uma batalha de oportunismos empresariais, e também políticos, bem como de egos e guerras de um mercado que está demasiado prisioneiro de interesses conflituantes, nem todos preocupados com a sobrevivência e sustentabilidade das marcas jornalísticas", frisou.
Filipe Nascimento argumentou ainda, na carta de renúncia a que a Lusa teve acesso, que "não é possível gerir financeiramente uma empresa que assiste a dramas humanos diários por falta de pagamento de salários, sem conseguir articular qualquer perspetiva decente aos trabalhadores, quanto à resolução dos problemas subjacentes a essa falta de pagamento".
Criticou também a anulação de negócios "à 25.ª hora por questiúnculas políticas e eleitorais", numa alusão à queda da operação de aquisição pelo Estado da participação da Global Media na Lusa, sem deixar de notar que essa situação colocou em causa a previsibilidade da entrada de dinheiro no grupo que detém Jornal de Notícias, Diário de Notícias, O Jogo e TSF.
"Diversas vezes esta carta esteve escrita e outras tantas foi apagada, sempre a aguardar que as condições melhorassem, na esperança de o grupo não ficasse sem solução para a sobrevivência no dia-a-dia, que os impostos fossem pagos e que -- acima de tudo -- os compromissos salariais fossem integralmente honrados", reforçou.
Agradecendo o convite para integrar a administração em agosto, Filipe Nascimento manifestou ainda a convicção de que, "com os ajustes certos", o grupo será financeiramente viável.
A saída de Filipe Nascimento ocorre no mesmo dia da renúncia do também administrador Paulo Lima de Carvalho, que denunciou a "asfixia financeira" e o incumprimento de promessas que inviabilizaram as condições para continuar no grupo.
Além de Filipe Nascimento e Paulo Lima de Carvalho, a administração da Global Media já perdeu mais elementos em apenas um mês. O administrador executivo Diogo Agostinho anunciou a saída em dezembro e, segundo o Expresso, seguiram-se os abandonos dos administradores não executivos Carlos Beja e Victor Menezes.
Perante este cenário, restam na administração do GMG Marco Galinha, José Paulo Fafe, Kevin Ho e António Mendes Ferreira.
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