A região de Lisboa tem registado, desde segunda-feira, um mau cheiro com "características a acre/azeitonas". Ao mesmo tempo, o território continental tem sido atingido por uma concentração de poeiras no ar provenientes do Norte de África. A Direção Geral da Saúde (DGS) já alertou que a população deve evitar esforços prolongados e atividades físicas ao ar livre e que os idosos e crianças devem ficar em casa. Afinal, o que se passa com o estado do ar?
Segundo declarações da investigadora Sofia Teixeira, do departamento de qualidade do ar da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, o mau odor que atingiu a região de Lisboa é "atípico para esta localização". A sua origem deve estar relacionada com "diversos setores de atividade, mas os mais comuns poderão ser a indústria do processamento do bagaço de azeitona ou até mesmo o processamento de resíduos".
As condições meteorológicas que se fizeram sentir, nomeadamente o registo de ventos oriundos do quadrante sul e com "uma inversão térmica muito baixa", terão contribuído para que o odor se identificasse. Apesar da existência de uma massa de ar proveniente dos desertos do Norte de África, a investigadora explicou que esta perceção de odores "nada tem a ver" com essas partículas.
Além do mau cheiro em Lisboa, o território continental foi também atingido por uma massa de ar proveniente dos desertos do Norte de África, que transporta poeiras em suspensão. O poluente provoca efeitos na saúde humana, principalmente na população mais sensível, como crianças e idosos, cujos cuidados de saúde a DGS recomenda a serem "redobrados" durante a ocorrência destas situações.
Enquanto este fenómeno se mantiver, a DGS diz que a população em geral deve evitar os esforços prolongados, limitar a atividade física ao ar livre e evitar a exposição a fatores de risco, tais como o fumo do tabaco e o contacto com produtos irritantes.
Crianças, idosos, doentes com problemas respiratórios crónicos (como asma) e doentes do foro cardiovascular, devido à sua maior vulnerabilidade aos efeitos das poeiras, para lá de cumprirem as recomendações para a população em geral, "devem, sempre que viável, permanecer no interior dos edifícios e, preferencialmente, com as janelas fechadas".
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