O problema de atraso do pagamento de salários dos bombeiros desta AHBV foi levantado por um morador na freguesia da Ajuda, na reunião pública do executivo municipal de Lisboa.
"Não só estão a empurrar quem nasceu na freguesia para fora da freguesia como parece que querem matar os bombeiros voluntários da Ajuda", afirmou Vítor Pereira, morador há 68 anos na freguesia da Ajuda, local onde nasceu e ainda vive.
Exigindo ação por parte do poder político, o morador disse que "os bombeiros voluntários da Ajuda têm salários em atraso", situação que começou em julho de 2023 em resultado de "uma direção irresponsável", referindo que os bombeiros "não dão a cara porque têm medo".
Em resposta, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas (PSD), assegurou que o município está a trabalhar para resolver esta situação, afirmando que a AHBV da Ajuda teve apoio da autarquia e explicando que o problema passa por "procedimentos legais", em que quando o se começou a resolver "as contas estavam bloqueadas pelos bancos".
Em complemento, o vereador da Proteção Civil, Ângelo Pereira (PSD), referiu que as AHBV "são entidades autónomas" e "não é responsabilidade da CML pagar os ordenados da Associação de Bombeiros Voluntários da Ajuda", nem pode assumir as dívidas da gestão dessa organização.
Ângelo Pereira adiantou que tem dialogado com a direção da AHBV da Ajuda e sabe que há um acordo com a empresa a quem a associação tem uma dívida, o que motivou a penhora das contas, situação que já foi resolvida após acordado um plano de pagamentos, pelo que as contas estão disponíveis para efetivar os pagamentos.
"Há zero dívidas da câmara municipal para com associação da Ajuda", garantiu o vereador, assegurando que o socorro na zona "não está posto em causa", porque os bombeiros sapadores também cobrem esta área.
Questionado sobre a situação de um casal com uma criança que está a pernoitar na AHBV da Ajuda, nas instalações de contentores, Ângelo Pereira adiantou que a família vai pernoitar esta noite num alojamento de emergência da proteção civil e estão a ser procuradas soluções de habitação.
O vereador acrescentou que na segunda-feira há uma assembleia geral da AHBV da Ajuda, em que será feito um ponto de situação, reforçando que esta associação foi das "mais apoiadas pela câmara municipal nos últimos anos".
Segundo informação do gabinete do vereador da Proteção Civil, a CML aprovou, em setembro de 2022, conceder à AHBV da Ajuda "um apoio financeiro no montante de 200 mil euros com o objetivo de permitir a esta Associação a urgente requalificação do seu quartel".
"O valor aprovado e atribuído teve por base um orçamento apresentado pelos BV Ajuda, valor que foi coberto pelo montante atribuído no apoio financeiro", indicou.
Em 2022 e 2023, o investimento feito pela CML em equipamentos e infraestruturas para a proteção civil e bombeiros "foi superior a 15 milhões de euros".
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